É com grande satisfação que escrevo sobre este
livro de Adrião Neto, cuja luminosa trajetória de escritor bem-sucedido eu
tenho acompanhado nos últimos 20 anos. E não só o seu triunfo como escritor de
sucesso, mas, sobretudo a sua luta como um templário devoto, em prol da
divulgação da cultura do Piauí pelo Brasil e mundo afora.
Adrião Neto, escritor vigoroso, de vasta bagagem
literária, ergueu-se altaneiro da província, com esforço próprio, para
projetar-se pelo país, e agora, com este romance binário –RAMON e JULIANA
– torna-se um escritor internacional, sem dever favor a ninguém.
Em sua pureza criadora, RAMON e JULIANA é um
romance inovador, de fundo histórico, com uma pontuação dramática tangenciada
pelas recordações das viagens, protagonizadas, ora pelo casal, ora apenas pelo
personagem principal, por países da Europa e da América do Sul, inclusive pelo
Brasil, especialmente pelos Estados do Nordeste, Rio de Janeiro, Santa
Catarina, Fernando de Noronha e pela deslumbrante beleza natural do Delta do
Parnaíba, incluindo as magníficas praias do litoral piauiense.
Dentre outros importantes lugares, além de
Punareaçu e Porto Belo – terras de Ramon e Juliana – a obra tem como cenário a Cidade Santa de
Santiago de Compostela e outros santuários; as cidades históricas de Portugal e
do Peru; a encantadora Cordilheira dos Andes, a fantástica Montanha Sagrada, a
misteriosa Cidade Perdida dos Incas e vários outros sítios arqueológicos
pré-colombianos; as feiras livres, fervilhando de nativos, com suas roupas
coloridas, a despertar a curiosidade dos visitantes e o caudaloso Urubamba, a
serpentear por sua calha sinuosa, por toda a extensão do Vale Sagrado dos
Incas, de
indescritível beleza e inestimável valor histórico, cultural, arquitetônico e arqueológico.
A personagem central do romance é um homem
angustiado, que vive momentos solitários em um hotel em Portugal, em busca de
ser entendido e amado pela amante distante; é um homem antenado com a
transformação dos costumes do mundo moderno, que despreza a necessidade de se
conformar a padrões tidos e havidos como aceitáveis e recomendáveis pela
sociedade.
A figura emblemática do narrador, oscila entre
grandeza e auto posse, a cada momento nos propõe parâmetros morais e
intelectuais que nos ferem no mais fundo de nossa capacidade de refletir e
julgar, levando-nos às certezas da dúvida e à instabilidade psíquica que, na
visão pragmática do autor, são peculiares a todo e qualquer ser humano.
A arquitetura verbal do romance é dominada por
grande intensidade emocional e psicológica, na eterna contradição entre o ter e
o ser.
RAMON e JULIANA é um guia poderoso, que nos obriga a fazer
uma viagem turística imaginária, por cenários deslumbrantes da história da
civilização, e posso assegurar aos leitores, o percurso é estimulante e
inesquecível.
Trata-se, portanto de um romance otimista, capaz
de suscitar esperanças. Não uma esperança vazia neurótica, ou, do penso, logo
desisto, que poderia gerar uma fuga existencial. E nas entrelinhas, podemos
encontrar uma razão de viver mais profunda e convincente para aderirmos à
existência com alegria.
Uma leitura supra-agradável que interessa a
todos, notadamente àqueles que apreciam viajar por dentro de um bom livro, que
foi esculpido com a argamassa d’alma.
Moura Lima – Romancista, contista, ensaísta, poeta
e cronista tocantinense. Membro da Academia Tocantinense de Letras e de outras
instituições culturais. É autor de várias obras e um dos escritores mais
premiados do país.
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