Senado: sem ética e sem CPI

Senador W. Dias (PT-PI)

O julgamento do senador Demóstenes Torres começará com providencias internas do Senado Federal, mas deverá se estender por meses a fio. A Comissão de Ética da casa está desativada, desde o tenebroso caso Renan Calheiros e, pelo que se tem visto, terá enorme dificuldade de ser reconstituída. Cabe ao PMDB a indicação de seu presidente e este deve ter, necessariamente, ficha limpa, mercadoria difícil no partido nos últimos tempos. Chegaram até a cogitar o nome do petista piauiense Wellington Dias como alternativa, mas rapidamente descobriram, ele também responde a processos no Supremo Tribunal Federal. Um deles, é bom frisar, o responsabiliza pela tragédia da barragem de Algodões II, onde morreram diversas pessoas e milhares ficaram desabrigadas. Outra alternativa para o julgamento do senador Cachoeira, seria a constituição de uma CPI, defendida por setores do PT e do PSDB. Mas ela esbarra numa grande dificuldade: as gravações da Polícia Federal podem atingir o governo petista do Distrito Federal, diversos deputados federais e até eventualmente, doações de campanha presidencial em 2010. Um vespeiro desse tamanho, não será cutucado voluntariamente, pelo Senado da República. Muitos podem descer, cachoeira abaixo. Com a negativa do STF de fornecer ao congresso as gravações envolvendo Demóstenes e Cachoeira (e outros figurões não previstos no cardápio), a prudência falará mais alto e a CPI não se viabilizará, estendendo o suplício de Demóstenes, provavelmente, até a próxima Semana, Santa.


Fonte: AZ