21 de jan. de 2012

Piauiense Antonia Fontenelle diz que vai sambar para os críticos

Antonia Fontenelle em ensaio para o portal EGO
Antonia Fontenelle em ensaio para o portal EGO

Muita gente recebeu com desconfiança o nome da piauiense Antônia Fontenelle para rainha de bateria da Mocidade Independente de Padre Miguel. Depois, a desconfiança deu lugar a críticas, algumas ferozes, como a que comparou a atriz e produtora a água de salsicha. Mas Antônia Fontenelle diz que não está nem aí, que tem samba no pé, a confiança de sua comunidade e que só se preocupa em não decepcioná-la.
“No dia em que isso foi publicado, o presidente me ligou com medo que eu pudesse desistir. Imagina se eu vou desistir por causa de crítica de gentinha? Se fosse assim, não teria conseguido nada na minha vida. O sertanejo é antes de tudo um forte”, diz ela evocando a frase de “Os Sertões”, de Euclides da Cunha e suas raízes nordestinas. E é com base nessa força que a atriz topou posar com elementos ligados ao mundo das costureiras dos carnaval na série de ensaios “Operárias do Carnaval”, do portal EGO, da Rede Globo, que vai transformar uma rainha de bateria do grupo especial em um profissional que atua nos barracões das escolas de samba.
Antônia também falou de seus projetos na escola, da ala dos artistas que está organizando e nos preparativos para o carnaval. Como você foi parar na Mocidade? Não sei (risos)! A estilista Valéria Costa me ligou pra dizer que estava sendo sondada para ser rainha, e saber se eu topava. Marcamos uma reunião lá em casa, o presidente da escola foi e terminou o papo dizendo que tinha dúvidas em me escolher como rainha por causa da confusão que deu para definir uma pessoa para o posto em 2012, que ele chegou a cogitar não colocar ninguém, mas que tomou a decisão depois da nossa conversa, por causa da minha simpatia. Perguntei a ele o que exatamente envolvia ser rainha de bateria da escola, ele disse que eu teria que ir volta e meia na quadra, olhar as necessidades da Estrelinha, que é a escola mirim da Mocidade, e participar dos ensaios. Falei para ele que ouvia que uma fantasia de rainha custava R$ 30, 40 mil, e que não tinha isso. Ele disse para eu ficar tranquila, que mais para frente conversaríamos sobre isso. E é isso.  Tudo muito inusitado, né? Como assim Antônia rainha de bateria? Ela não é de carnaval, ela não é gostosa – porque a ideia que o povo tem de gostosura é muita perna e muita bunda. Agora eu sei ficar bonita e gostosa. Eu me sinto como se tivesse sido convidada por uma grande companhia de teatro para um grande papel. E eu aceitei! Não ia dizer não para isso jamais. Mas nunca fiquei em casa sonhando em ser rainha de bateria. Já me perguntaram se eu pagaria para ser rainha, respondi que, se fosse um desejo meu, e seu tivesse dinheiro, pagaria, sim. E daí? Infelizmente não tenho.
Então você não pagou?
Não paguei! Ainda não tenho nem fantasia pronta ainda. Estou fazendo o que posso para ajudar a escola. Como por exemplo, uma lista de amigos famosos para montar uma ala dos artistas. Acho que vai ajudar a trazer mídia para a escola. Entre eles estão Murilo Rosa e Fernanda Tavares, Victor Dzenk, Carlos Tufvesson e André Piva, Eriberto Leão e Andréa Leal. O que posso fazer, estou fazendo. 
Mas as pessoas estão pegando no seu pé. Como você lida com as críticas?
Eu vejo como um sucesso absoluto, graças a Deus. Essa artilharia, que na cabeça deles é pesada, mas na minha só reforça que está dando bafo (risos). Vários setores da escola estão felizes comigo. Das pessoas que me interessam, vejo verdade nos olhos e me emociono muito. E é isso que interessa. Tem essa artilharia pesada? Mas é de meia dúzia, e não me interessa.
Já pensou em desistir do posto?
Eu estava quieta, eu não paguei, e se tivesse pago, iria fazer questão de dizer que paguei pelo trabalho. No mais, não tenho rabo de palha e não tenho medo de passar pelo fogo. Cresci ouvindo minha mãe dizer que prego que não toma martelada, não se destaca. Por exemplo, descobriram que meu nome era Irene e que eu era morena. E daí? Já tinha falado isso no Jô Soares. Nasci em Brasília, filha de uma cearense, e com dois meses de idade fui adotada, mas nasci enrolada no cordão umbilical. E, reza a lenda nordestina, que tem que colocar o nome de Antônia. Daí mudaram meu nome. Depois disseram que eu tinha nariz de batatinha. Mudei, sim! E daí? Se eu quiser raspar a cabeça, eu raspo, se quiser colocar cabelo até a bunda, coloco. É tudo meu (risos). No dia que saiu a coisa do apelido, o presidente da escola me ligou superpreocupado, com medo de eu me sentir ofendida e abandonar o posto. Falei: presidente, relaxe! Quem me conhece sabe que sou forte, consistente e gostosa como a feijoada da Tia Nilda. Esse tipo de coisa não vai me abalar. Não sou de desistir. Quer falar, falem! Não estou nem aí! Morram! Vou entrar no dia 19 de fevereiro na avenida e vou fazer um trabalho belíssimo na frente da bateria e quem quiser que se acostume com essa ideia (risos).  

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