24 de dez. de 2011

Em busca de um feliz Natal pra quem merece e precisa



Meus amigos e companheiros, de tantas e tantas outras jornadas. Que vão desde as noites de birita sadia, passando pelo samba arrastado e desafinado até a insana luta de procurar um denominador comum entre a ganancia do capital e a humildade do trabalho. Haveremos, sim, de um dia encontrar a solução desta horrenda e horripilante equação.
Este ano, eu não vou me restringir à pequenez e desfaçatez de lhes desejar um FELIZ NATAL e um PRÓSPERO ANO NOVO. Disso e desses desejos vocês já têm certeza do que eu penso sempre e sempre pra todos. Vou mais além ainda. Meu grande NATAL a pedir a vocês é que continuem meus amigos e amigas como sempre foram e sempre demonstraram. Isso só, me basta. Nada mais que isso eu posso lhes pedir pra mim. Eu disse pedir pra mim.
Mas tenho uma história forte a lhes contar antes de pedir o que eu desejo pro meu NATAL. Leiam a história deste importante cidadão e músico brasileiro, tão bem contada pelo nosso poeta Cinéas Santos. Vai aí a crônica do escritor, poeta, jornalista e apresentador de TV escrita nos jornais da capital Teresina. E vejam que não é só isso que o hômi é, ele é mais um caçuá de outras coisas importantes.
O VELHO SANFONEIRO CHORA
“Quem roubou minha sanfona, eu bem sei, foi alguém sem coração”.  Luiz Gonzaga.
No início da década de 90, a Argentina vivia uma aguda crise econômica. Nossos orgulhosos hermanos baixaram a crista. Uma noite, vi na TV uma cena que me deixou profundamente triste. Diante de uma casa de penhor, em Buenos Aires, um grupo de velhos músicos tentava levantar alguns trocados deixando “no prego” seus instrumentos musicais. Entre guitarras rotas e violinos ensebados, figuravam alguns bandoneons que, como se sabe, são a alma do tango. Naquela noite, dormi mal. No dia seguinte, escrevi: quando um músico é obrigado a penhorar seu instrumento de trabalho, na verdade, ele está penhorando a própria alma. Continuo pensando da mesma forma.
Eis que, na semana passada, experimentei a mesma incômoda sensação. Recebi um e-mail do prof. Gonçalo Carvalho, mentor do Projeto Encantadores do Sertão, dando conta do furto da sanfona do mestre Carlitos, o decano dos sanfoneiros de São João do Piauí.  Minha primeira reação foi de absoluto destempero: Meu irmão, temos de encontrar esse desinfeliz e castrá-lo com faca cega para que não tire raça ruim. A bravata era só uma tentativa de driblar a tristeza que me corroía a alma. Mestre Carlitos, aos 88 anos de idade, caminha com dificuldade, mas sentado, com a sanfona nos joelhos, ainda é capaz de animar um forró. Este ano, coube a ele e ao pequeno Isac, de apenas 8 anos de idade, abrirem o Festival de Sanfona de São Raimundo Nonato, um duo que emocionou a plateia.Muito animado, o velho s anfoneiro falou de sua alegria de estar ali “alegrando tanta gente”. A sanfona furtada, uma velha Todeschini, presente de um genro, o acompanhava há 25 anos. Juntos, animaram casamentos, batizados, quermesses, reisados e forrós.  Desde o dia do furto, 10 de dezembro, mestre Carlitos só tem olhos para chorar.
Indiferente ao sofrimento do velho, o larápio pervaga por aí à caça de novas presas. O que distingue um ladrão de uma pessoa decente é, entre outras coisas, a absoluta ausência do sentimento de piedade. Por oportuno, vale lembrar que, no auge da carreira, Luiz Gonzaga teve sua sanfona furtada por um vagabundo qualquer. Como tinha fama e milhares de fãs e amigos, o velho Lu ganhou uma soberba sanfona branca onde fez gravar a frase: “Sanfona do povo”. O episódio rendeu-lhe uma bela toada cujo refrão  diz: “Quem roubou minha sanfona peço não faça de novo!/ pois esta sanfona bela que eu estou tocando nela é a sanfona do povo”. O Rei do Baiãopoderia comprar quantas sanfonas quisesse; mestre Carlitos, não. Além disso, seus amigos -  pobres como ele - não poderão ajudá-lo.
Em momentos assim, lamento profundamente não ter ficado rico, o que não me impede de encabeçar uma lista de pobretões para juntarmos nossos caraminguás e comprar uma sanfona nova para o mestre Carlitos, um cidadão que, ao longo da vida, dedicou-se a produzir beleza. Os que desejarem integrar esta corrente solidária que se habilitem. Como cantam os cegos de feira: “O pouco com Deus é muito”. Assim seja.
E agora meus amigos estão dispostos a fazer a alegria do NATAL de um “maior abandonado” sem o seu brinquedo predileto? Ou será melhor pensar no Play Station III de última geração que chega a custar míseros $1000? Das verdinhas é claro.
Ah, ia esquecendo, de falar sobre a conta do Seu Carlitos: Conta Poupança nº 24954 - 8 Variação 1, Agência nº 0519 - 3, Banco do Brasil. Qualquer real já vale. Faça de Seu Carlitos o seu “ amigo oculto”.
Creio que já ganhei o meu presente de NATAL!

Um forte abraço, PC Curicaca.

Informações adicionais: telefones: (86) 9805 7959 ou (89) 9408 5949
facebook : gonçalo carvalho filho, twitter:/profgonçalo

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