21 de out. de 2011

RIO PARNAÍBA, RIO JAGUARIBE

Rio Parnaíba (Visão aérea na capital)


                O Rio Parnaíba, perene, é mais extenso que o Rio Jaguaribe, curso d´água que foi rio seco, depois perenizado pelos cearenses.  O Parnaíba mede cerca de 1.400km de extensão. Ao passo que o outro, cerca de 600km. Menos da metade. Ambos foram construídos pelo artesanato divino, ao longo de milhões de anos, portanto em ritmo sincrônico com o do calendário da escala cósmica.   
Deve-se ao estadista Conselheiro Saraiva a descoberta do Rio Parnaíba como meio natural estruturante de nossa economia. Foi o primeiro projeto estruturante do Piauí – projeto executado pelo próprio Criador. Por isso, o Conselheiro realizou a transferência da Capital de Oeiras para Teresina, uma vez que aquela se situava longe das águas abundantes do grande Rio. Para isso, fez-se proteger por escolta, diante da compreensível revolta dos oeirenses.
                Muitos dos que se seguiram a Saraiva empenharam-se em animar, a navegação, de pessoas, animais & coisas, mensagens, costumes – portanto, também de integração cultural – a partir de Santa Filomena até à foz, no hoje Município de Luís Correia. E durante cerca de cem anos foram bem sucedidos – eis que da segunda metade do século XIX até a primeira metade do século XX o Rio Parnaíba era movimentado por navios a vapor e suas rebocadas barcaças, como conquista de uma modernidade que os anos não trouxeram nunca mais. Navios e barcaças subiam o rio, indo, e desciam o Rio, voltando. Costurando o Piauí ao Piauí. Segundo elevado sentido de integração. De sedimentação de nossa identidade. E segundo duplo sentido de comércio, prolongado em comércio exterior. Circunstâncias históricas, que agora não vêm ao caso mencionar, acabaram com a navegação a vapor e com o comércio inclusive externo.
                O Rio Jaguaribe era rio seco. Mereceu na época o belo poema do cearense Jáder de Carvalho, no qual o Autor se queixava desolado assistindo às mortes periódicas das águas e às suas ressurreições: “Resistindo e morrendo / morrendo e resistindo”.
O Rio Parnaíba mereceu o imortal poema de Da Costa e Silva, que não trata de morte, mas de cantigas:“cantigas de águas claras, soluçando”.
Depois de perenizarem o Rio Jaguaribe, os cearenses construíram, alimentado por suas águas, o açude que é, sob certo aspecto, o maior da América Latina: Açude Castanhão. O qual abastece d´água Fortaleza, com seus 2,5 milhões de habitantes. E estão construindo espécie de rio artificial, o Eixão das Águas, com 255km, partindo daquele açude e chegando ao Porto do Pecém, não sem antes apoiar a agricultura ao longo do percurso sinuoso.
As elites piauienses de dentro do Governo e fora dele deram as costas ao Rio Parnaíba. Consentem passivamente no progressivo assoreamento de nosso Rio. Aceitam, sem reação, à decisão de que sua navegação deve ser restaurada só até Teresina. Em vez de até a foz. Onde o rio enquanto via, a mais barata, de transportes, teria coroada a navegação ao alimentar o Porto de Luís Correia. Quase ninguém percebe que a Ferrovia Transnordestina fisgará matérias primas que poderiam também ter o Rio como aquavia. Comentam – é incrível – não saberem para que serve nosso Porto. No Dia do Juízo, os dirigentes cearenses responderão, como na parábola dos talentos (Mt 25,14-30): – Sr., Tu nos deste um rio seco; nós te restituímos um rio perenizado, um grande açude e um canal de 255km. Os dirigentes piauienses responderão: – Sr., Tu nos deste um imenso rio perene;  nós  T´o  restituímos meio assoreado e meio intrafegável.

Ainda há tempo.

Pádua Ramos

Edição Blog do Pessoa 

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Comente essa postagem

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...