Gostaria de expressar minha opinião acerca da realidade social vigente na cidade de Parnaíba. Observo que há impregnado nesta sociedade tricentenária uma mescla de “tradicionalismo histórico” com “invasão de modernidade”, que, sem sombra de dúvida, gera fortíssimo choque sociocultural.
Quando falo em invasão de modernidade, não pretendo enfatizar que este seja um viés maléfico. Demonstrar a infinidade de benesses proporcionada pela condição moderna é tarefa fácil, mas que neste momento não cabe aqui trilhar por tal caminho de análise. Falo do “moderno” como importante fator de desconstrução de inúmeros costumes populares – arraigados nos mais tradicionais contingentes populacionais desta cidade.
Há de se mencionar que bruscas transformações sociais podem ou não, ser facilmente aceitas e bem vindas. Exemplo daquilo que se tornou um bem quisto progresso em antigos núcleos urbanos seria a evolução do meio de transporte terrestre – do uso da charrete à adesão ao moderno veículo motorizado. Sem discorrer sobre os atos de criminalidade, segundo a percepção do Sr. Josef Anton Daubmeier – autor do texto: Parnaíba, sociedade de criminosos - Blog do Pessoadireciono minha reflexão para o atual fenômeno sócio-urbano vivenciado por estas terras piauienses – transição a novas condições de vida, alicerçado pelo viés modernidade, nem sempre aceito e/ou compreendido por todos.
É sabido que bons costumes e obediência às leis de um território, são indispensáveis a toda e qualquer classe social, independente do período histórico em vigor.
Como bem lembra o Sr. Josef em seu referido texto: “Para refletir: Em civilizações antigas, nômades, isoladas, embora não regulamentadas por Leis, admite-se a propriedade dos frutos do trabalho, tais como a presa de caça, os produtos do cultivo da terra, peles de animais (roupa para o frio), pontas de lança, entre outros. Enquanto essas civilizações reconhecem a propriedade, elas também impõem limites morais contra o furto e o roubo como regras de convivência em sociedade.”
Que todo complexo urbano, para seu bom funcionamento, depende de aplicabilidade de códigos de postura, é evidente. Mas vejo que em Gestões Públicas Brasil afora impera dificuldade e/ou descaso em fazer valer a legislação. De que maneira gestores municipais poderiam convencer grupos de cidadãos desconectados dos atuais paradigmas sociais, que certas tradições urbanas não se adéquam aos novos tempos? Um notório exemplo que se enquadra ao cotidiano parnaibano diz respeito à ocupação ilegal de áreas que sofreram expressiva urbanização e que não podem mais suportar o peso da clandestinidade. São pontos que no passado serviram de palco a atividades diversas, entre as quais comércio a céu aberto ou dotado de projeções irregulares, que tentam resistir ao tempo e às novas regras de funcionalidade.
A única maneira de incutir na mente de munícipes, que respeito às leis é ato de cidadania; é prática de sujeito civilizado, somente será possível mediante aplicação de uma “pedagogia de conscientização” e da “alfabetização direcionada a práticas de bons costumes”. Sem tais preceitos, esta sociedade não avançará, nem tampouco integrará aos mais altos padrões de modernidade já vistos neste mundo globalizado. Não se educa um povo pela via da imposição; pelo uso de força descomunal; nem tampouco pela opressão social.
“De nada adiantará ao homem conquistar todos os sistemas, se não for capaz de humanizar-se, para conviver melhor com seus semelhantes.” Luiz Antônio Sacconi. Dicionarista brasileiro.
Antônio Pereira de Araújo - Professor
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