Imagem: arquivo Google
O poema de Rui Barbosa escrito em 1914 intitulado "Sinto vergonha de mim" impressiona pela atualidade. Poderia ter sido escrito hoje sem mudar uma palavra... Simplesmente fantástico!
Sinto vergonha de mim por ter sido educador de parte desse povo, por ter batalhado sempre pela justiça, por compactuar com a honestidade, por primar pela verdade e por ver este povo já chamado varonil enveredar pelo caminho da desonra.
Sinto vergonha de mim por ter feito parte de uma era que lutou pela democracia, pela liberdade de ser e ter que entregar aos meus filhos, simples e abominavelmente, a derrota das virtudes pelos vícios, a ausência da sensatez no julgamento da verdade, a negligência com a família, célula-mater da sociedade, a demasiada preocupação com o "eu" feliz a qualquer custo, buscando a tal "felicidade" em caminhos eivados de desrespeito para com o seu próximo.
Tenho vergonha de mim pela passividade em ouvir, sem despejar meu verbo, a tantas desculpas ditadas pelo orgulho e vaidade, a tanta falta de humildade para reconhecer um erro cometido, a tantos "floreios" para justificar atos criminosos, a tanta relutância em esquecer a antiga posição de sempre "contestar", voltar atrás e mudar o futuro.
Tenho vergonha de mim pois faço parte de um povo que não reconheço, enveredando por caminhos que não quero percorrer...
Tenho vergonha da minha impotência, da minha falta de garra, das minhas desilusões e do meu cansaço.
Não tenho para onde ir pois amo este meu chão, vibro ao ouvir meu Hino e jamais usei a minha Bandeira para enxugar o meu suor ou enrolar meu corpo na pecaminosa manifestação de nacionalidade.
Ao lado da vergonha de mim, tenho tanta pena de ti, povo brasileiro!
"De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto".
* * *
Um trecho do discurso do Dr. Bezerra de Menezes na Câmara dos Deputados no ano de 1867 complementa a mensagem de Rui Barbosa.
(...) Peço licença à Camara para dizer ao país o que julgo do seu estado e da sua administração.
(...) A pátria está principalmente em perigo quando princípios tão perniciosos, como esses que apontei, se insinuam por todo o corpo social; pois eles corrompe-lhe o sangue, gangrenam-lhe todo o organismo, tiram-lhe toda a força de coesão necessária para resistir à exploração produzida pelo choque de interesses sórdidos que tais princípios promovem com ampla generosidade.
(...) Sinto ser obrigado a dizê-lo, mas eu devo toda a verdade ao meu país: a sociedade brasileira está gravemente doente, as extremidades já estão frias e o coração não tarda.
Dora Rodrigues/Proparnaiba.com
Edição Blog do Pessoa
viva Bolsonaro !!!!!!!
ResponderExcluirSinto vergonha também da falta de sensibilidade deste MEU POVO, que frente a este artigo ~tão bem escrito e com tamanha profundidade, faz piada usando o nome deste senhor alienado que ocupa a politica nacional.
ResponderExcluirTäntos como ele (Sr. Bolsonaro) estão por ai a oculpar os cargos publicos e reger o nosso PAIS, ESTADO, CIDADE. E nós ficamos indignados... e aí... fazemos o quê? Nada. Comtemplamos impassiveis o desenrolar dos fatos, pena que não sabemos, como nossos pais, gritarmos: Q!ueremos LIBERDADE, HONESTIDADE e nos ORGULHAR da TERRA que vivemos.