O risco da volta

Desembargador Edvaldo Moura: “No TJ não há mais espaço para comportamentos danosos aos interesses da Justiça a que todos servimos”.

Está previsto para daqui a seis dias o julgamento, pelo Tribunal do Júri, do ex-coronel José Viriato Correia Lima, desta vez, pelo hediondo crime batizado de ‘Queimados’, referência ao duplo assassinato de dois representantes comerciais que tiveram seus corpos carbonizados. Esse julgamento já foi adiado uma vez porque o juiz da cidade de Parnaíba, como que ignorando que o processo estaria em pauta, concedeu autorização para que Correia Lima fosse tratar da saúde em Fortaleza, Ceará. Espera-se, agora, que o julgamento não seja frustrado, pois Correia Lima tem se tornado especialista em escapar de seus julgamentos agindo sempre às vésperas e contando com o descuido de autoridade do judiciário. É lógico que o ex-coronel não quer ser julgado porque sabe que mais uma condenação o remeterá de volta para a penitenciária. Até hoje, 20 anos depois, a mesma Justiça de Parnaíba que autorizou a ida de Correia Lima a Fortaleza no mesmo dia em que ele deveria estar sentado no banco dos réus, não foi capaz de julgá-lo pelo brutal, covarde assassinato do policial civil Leandro Safaneli. O processo mofa nas prateleiras do Fórum da cidade enquanto o crime segue célere para a prescrição. O presidente do Tribunal de Justiça, Edvaldo Moura, que tem imprimido ações de moralização no Poder Judiciário, bem que poderia chamar esses casos à ordem, pois assim, estaria dando demonstração à opinião pública de que esses casos não contam mais com a omissão daquele Poder. Os crimes atribuídos a Correia Lima foram apurados pela Comissão de Combate ao Crime Organizado e devidamente denunciados pelo Ministério Público. O que se teme é o reagrupamento dos responsáveis pelo crime organizado, todos já fora da cadeia e seus mentores voltando à ribalta.