9 de nov. de 2010

A INVEJA é má ou boa?‏


Bom dia Senhor Carlson.

Sirvo este artigo para reflexão.

Heródoto (485 a.C), geógrafo e historiador grego e titulado como "pai da história", constatou que "a INVEJA NASCEU com o homem DESDE O PRINCÍPIO."

A Bíblia sagrada demonstra que a cultura humana está assentada na INVEJA e VIOLÊNCIA desde a sua origem.
Vamos direto ao ponto: o assassinato de Abel pelo seu irmão Caim. Depois de breve introdução, diz o texto bíblico que “Abel tornou-se pastor de ovelhas e Caim pôs-se a cultivar o solo. Aconteceu, tempos depois, que Caim apresentou ao Senhor frutos do solo como oferta. Abel, por sua vez, ofereceu os primeiros cordeirinhos e a gordura das ovelhas. E o Senhor olhou para Abel e sua oferta, mas não deu atenção a Caim com sua oferta. Caim ficou irritado e com o rosto abatido. Então o Senhor perguntou a Caim: "Por que andas irritado e com o rosto abatido? Não é verdade que, se fizeres o bem, andarás de cabeça erguida? E se fizeres o mal, não estará o pecado espreitando-te à porta? A ti vai seu desejo, mas tu deves dominá-lo." Caim disse a seu irmão Abel: "Vamos ao campo!" Mas, quando estavam no campo, Caim atirou-se sobre seu irmão Abel e o matou. Depois, um pouco mais à frente, temos o desfecho desta história quando diz que “Caim afastou-se da presença do Senhor e foi habitar na região de Nod,  a leste de Éden. Caim uniu-se a sua mulher. Ela concebeu e deu à luz Henoc. Caim construiu uma cidade e lhe deu o nome de seu filho, Henoc.” (Gn 4, 2-8; 16-17).

Carlos Amadeu Botelho Byington, em seu livro: "A INVEJA CRIATIVA - O Resgate de uma Força Transformadora da Civilização" defende a tese de que a inveja é uma função natural e muito importante para o desenvolvimento da Consciência do Indivíduo e da Cultura, e que se torna destrutiva somente quando desviada da sua função criativa.

O autor interpreta a causa de a inveja ter sido tão mal considerada através dos tempos à sua imensa capacidade criativa, contestadora e revolucionária. Segundo Byington, desqualificamos a inveja porque tememos o potencial criativo do nosso instinto principal, aquele instinto que Carl Gustav Jung denominou o Instinto de Individuação, que nos fascina e impulsiona em direção à totalidade, como se prefira dizer.

Uma visão distorcida pelo puritanismo interpreta o sofrimento humano como prova da nossa ruindade inata e justifica a repressão e a culpa que impedem admirar e amar a grandiosidade milagrosa da nossa criatividade.

O apego às conquistas do Ego é a maior causa de estagnação do desenvolvimento individual e social. Não é por acaso que o desapego tem a mesma importância que a compaixão no Budismo e no Cristianismo. Ao estimular o apego ao novo pelo desejo, pela cobiça e pela voracidade, a inveja estimula a busca do novo e atua como uma das principais fontes de desapego ao que já se tem.

A inveja estimula a ciência e economia. Enfim, quem nega a inveja, nega o desejo e se condena à estagnação e à evolução mental.
Abraço forte, extensivo aos seus familiares, ouvintes e leitores.

Josef Anton Daubmeier

7 comentários:

  1. Não há como fugir ao desejo mimético. Todo o processo de humanização está ligado a esse desejo. Tornamo-nos culturalmente humano à medida que convivemos com outros humanos e os imitem. Esse, dirá o filósofo e historiador francês René Girard, é um processo natural e intrínseco à condição humana. É através da mimese, ou imitação, que aprendemos a falar, andar sobre os pés, comer sentado à mesa, usar roupas, fumar, beber, cantar, ler e escrever.
    Inveja e violência surgem, portanto, como as duas faces da mesma moeda. De maneira que roubos, assaltos, assassinatos e demais manifestações de violência escondem, atrás de si, o intrínseco desejo que temos de imitar e invejar o nosso próximo.
    E a família dos G-20? Ali está a inveja entronizada?

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  2. Se a inveja nasceu do inicio, então Deus estava com inveja e mandou Abraão matar o Isaac.

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  3. Oi Anônimo 16:38. "Deus pôs Abraão à prova. Chamando-o, disse: "Abraão!" E ele respondeu: "Aqui estou". E Deus disse: "Toma teu filho único, Isaac, a quem tanto amas, dirige-te à terra de Moriá e oferece-o ali em holocausto sobre o monte que eu te indicar." Abraão na verdade tinha outro filho, Ismael, com a escrava egípcia Agar, mandado embora a pedido de Sara (mãe de Isaac) com o consentimento de Deus para vaguear (palavras da Bíblia) pelo deserto de Bersabéia. Anyway, Deus quer que Abraão sacrifique o próprio filho. "Quando chegaram ao lugar indicado por Deus, Abraão ergueu ali o altar, colocou a lenha em cima, amarrou o filho e o pôs sobre a lenha do altar. Depois estendeu a mão e tomou a faca a fim de matar o filho para o sacrifício." Note que em nenhum momento há uma nesga de questionamento por parte de Abraão. A FÉ É CEGA! "Mas o anjo do Senhor gritou-lhe do céu: "Abraão! Abraão!" Ele respondeu: "Aqui estou!" E o anjo disse: "Não estendas a mão contra o menino e não lhe faças mal algum. Agora sei que temes a Deus, pois não me recusaste o seu único filho."
    Que horror. O anjo, Deus himself devia estar ocupado torturando outros fiéis, prosseguiu: "Juro por mim mesmo - oráculo do Senhor - já que agiste deste modo e não me recusaste seu único filho, que te abençoarei e tornarei tão numerosa tua descendência como as estrelas do céu e como as areais da praia do mar. Teus descendentes conquistarão as cidades dos inimigos. Por tua descendência serão abençoadas todas as nações da terra, porque me obedeceste." Ou seja, obedeça - sem dar um pio - o procurador do homem invisível que um caminho de glórias o aguarda.
    Não se preocupe em entender e praticar a justiça, mate o seu filho inocente se necessário, apenas siga o Senhor, esta é a "moral" da história.

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  4. Prezado Senhor Anônimo de 9 de novembro de 2010 18:47. Eu me esforço para ser invejado, não para invejar. Abraço.

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  5. Pois é Josef, não consigo acreditar que o mesmo deus que nos deu a vontade de gozar, a inteligência, a razão e o bom senso e nos proíba de usá-los.

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  6. Todos os seres vivem a vontade irrestrita. Só o homem inventou um deus ilusório para castigar a si mesmo, o semelhante e todo reino natural. Somente num mundo sem deus é que o homem e todos os seres podem ser livres.

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