PIAUI: SAUDADE
NÃO, AQUELES MONTES!
Quem é do Piauí
nunca vai embora de lá. Porque nem bem sai e já começa a cultivar uma
planta que
mal nasce e nunca mais quer morrer: a saudade. Piauiense tem saudade do
Piauí
até quando... está no Piauí! Sofre só de pensar que um dia vai ter de
sair. E
mal sai, já quer voltar.
Para o piauiense
que mora longe todo retorno ao Piauí é um alumbramento. E o mais
curioso: quem sai nunca retorna ao Piauí. Sabe por quê? Porque
ninguém volta para um lugar de onde nunca saiu, ora. Tem um
ditado lá no Piauí que diz mesmo assim: "Difícil não é a gente sair do
Piauí. Difícil é o Piauí sair de dentro da gente".
E quando
conseguimos saír trazemos o Piauí inteirinho na mala: é cachaça, paçoca,
cajuína, carne de sol, artesanato de palha, de barro, de madeira, de
couro...
Trazemos tudo, até capote-no-arroz, prontinho pra comer. E nem
reclamamos por
ter de pagar excesso de bagagem. Se quiser se divertir vá pro
aeroporto ver
piauiense quando chega do Piauí. A bagagem é aquele estrupício. E os
cuidados? "Segura direito que aí dentro tem uma compota de bacuri
maravilhosa, que eu vou dar de presente a um amigo". Ou: "Me dê uma
mãozinha aqui com esta sacola. A moça lá da companhia não queria deixar
eu
trazer, mas se não trouxesse iam duvidar que eu sou piauiense se
desembarcasse sem umas cajuínas, né não?" E o orgulho? "Olhe só, veja
só,
sinta só o perfume, perceba a qualidade desta carne de sol de Campo
Maior. Não é
uma riqueza? É um privilégio morar num lugar que produz uma maravilha
dessas? Afe Maria! Ô, Piauizinho de açúcar!"
Agora, quer saber:
a mala vem cheia mesmo é de saudade, uma saudade destamanho. Possa ser
que
exista, mas está por aparecer quem tenha mais saudade de sua terra do
que o
piauiense. Por isso, neste 19 de outubro, Dia do Piauí, ousamos dizer
que um dia
é pouco, um ano é pouco, uma vida inteira ainda é pouca - pra matar essa
saudade.
Aliás, criatura,
prestenção: quem foi que disse que a gente quer que a saudade do Piauí
morra? Deixa a bichinha viver...
Aos amigos Glória Maria e Luiz Cesar (avós também de nossos netos Rafael e André).
ResponderExcluirMuito obrigado pelo presente.
O texto do Paulo José Cunha realmente mexe com o coração da gente piauiense.
Recebam um forte abraço dos parnaibanos, piauienses e nordestinos com muito orgulho.
Gennes e Zélia.