19 de out. de 2010

GENNES ROCHA: Presente recebido pelo parnaibano do Piauí radicado em Brasilia


PIAUI: SAUDADE NÃO, AQUELES MONTES!
                                                    Paulo José Cunha

        Quem é do Piauí nunca vai embora de lá. Porque nem bem sai e já começa a cultivar uma planta que mal nasce e nunca mais quer morrer: a saudade. Piauiense tem saudade do Piauí até quando... está no Piauí! Sofre só de pensar que um dia vai ter de sair. E mal sai, já quer voltar.

        Para o piauiense que mora longe todo retorno ao Piauí é um alumbramento. E o mais curioso: quem sai nunca retorna ao Piauí. Sabe por quê? Porque ninguém volta para um lugar de onde nunca saiu, ora. Tem um ditado lá no Piauí que diz mesmo assim: "Difícil não é a gente sair do Piauí. Difícil é o Piauí sair de dentro da gente".  

        E quando conseguimos saír trazemos o Piauí inteirinho na mala: é cachaça, paçoca, cajuína, carne de sol, artesanato de palha, de barro, de madeira, de couro... Trazemos tudo, até capote-no-arroz, prontinho pra comer. E nem reclamamos por ter de pagar excesso de bagagem. Se quiser se divertir vá pro aeroporto ver piauiense quando chega do Piauí. A bagagem é aquele estrupício. E os cuidados? "Segura direito que aí dentro tem uma compota de bacuri maravilhosa, que eu vou dar de presente a um amigo". Ou: "Me dê uma mãozinha aqui com esta sacola. A moça lá da companhia não queria deixar eu trazer, mas se não trouxesse iam duvidar que eu sou piauiense se desembarcasse sem umas cajuínas, né não?" E o orgulho? "Olhe só, veja só, sinta só o perfume, perceba a qualidade desta carne de sol de Campo Maior. Não é uma riqueza? É um privilégio morar num lugar que produz uma maravilha dessas? Afe Maria! Ô, Piauizinho de açúcar!"   

        Agora, quer saber: a mala vem cheia mesmo é de saudade, uma saudade destamanho. Possa ser que exista, mas está por aparecer quem tenha mais saudade de sua terra do que o piauiense. Por isso, neste 19 de outubro, Dia do Piauí, ousamos dizer que um dia é pouco, um ano é pouco, uma vida inteira ainda é pouca - pra matar essa saudade.

        Aliás, criatura, prestenção: quem foi que disse que a gente quer que a saudade do Piauí morra? Deixa a bichinha viver...

Um comentário:

  1. Aos amigos Glória Maria e Luiz Cesar (avós também de nossos netos Rafael e André).
    Muito obrigado pelo presente.
    O texto do Paulo José Cunha realmente mexe com o coração da gente piauiense.
    Recebam um forte abraço dos parnaibanos, piauienses e nordestinos com muito orgulho.
    Gennes e Zélia.

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