O juiz Valdemir Ferreira Santos, da Central de Inquéritos de Teresina, determinou o arquivamento do inquérito policial sobre a morte do ex-prefeito Firmino Filho em razão da ausência de tipicidade penal do fato ocorrido.
Apesar do sigilo no inquérito, ele deu publicidade a alguns depoimentos que foram prestados durante a investigação. Firmino morreu no dia 6 de abril de 2021 após cair de um prédio na Zona Leste de Teresina.
O que dizem colegas de trabalho
Colega de trabalho e amigo de Firmino, Helano Muller Guimarães afirmou em depoimento que estava trabalhando quando uma auditora apareceu na sala gritando que o ex-prefeito havia se jogado do prédio. Pela janela ele viu o corpo e na varanda encontrou o celular e o par de sapatos de Firmino. Depois disso ele constatou que o carro dele ainda estava na garagem.
Conceição de Maria Lages Gonçalves Bessa afirmou que Firmino havia pedido licença médica no dia 1º de abril, do Tribunal de Contas da União, onde voltou a trabalhar desde que deixou a prefeitura.
O auxiliar de serviços gerais do TCU Bernardo da Cruz Ferreira disse em depoimento que viu Firmino antes dele cair do prédio, que perguntou-lhe se podia limpar a sala, que foi permitido. Depois viu o ex-prefeito na varanda e questionou se ele estava olhando para o tempo, recebendo a resposta de que estava 'só tomando um vendo'. Depois recebeu a notícia de que ele havia caído.
A chefe de Firmino, Ana Lúcia Epaminondas, afirmou que ele estava com dificuldades no retorno ao trabalho, que teria confessado que estava com depressão e que fazia uso de medicamentos, que prejudicavam sua memória, tendo enfatizado algumas vezes que 'estava mal'.
Depoimento da filha
Bárbara Carvalho da Silveira Soares, filha de Firmino, afirmou que não tem dúvida que a morte de seu pai foi causada por suicídio e que, diante das circunstâncias apresentadas, seu pai havia se matado. Afirmou ainda que não tem conhecimento de qualquer pessoa que poderia ter motivo para matar seu pai, tendo reafirmado que seu pai se matou, não sabendo o motivo determinante do suicídio. Por fim, a depoente asseverou que não havia mais necessidade de a Polícia apurar a morte de seu pai. Os depoentes foram uníssonos em afirmar que não viam a vítima fazendo ingestão de remédios e bebida alcóolica.
Depoimento do filho
Bruno Carvalho da Silveira Soares, filho de Firmino, disse que no dia do ocorrido estava na academia, quando recebeu um telefonema de sua mãe pedindo que ele fosse imediatamente para casa. Após, tomou conhecimento de que seu pai havia morrido. O depoente afirmou que seu pai nunca contou sobre qualquer problema, financeiro ou familiar, que seu pai era muito fechado e calado, que seu pai nunca relatou que estava sofrendo ameaças nem que estava com depressão ou qualquer outra doença. O depoente não quis responder se acredita que seu pai se matou, pois não queria falar sobre a morte de seu pai, e não sabe o motivo que
poderia levar seu pai a se matar.
Depoimento de Lucy Soares
Lucy Soares, viúva de Firmino, disse que estava em casa quando recebeu a ligação de uma amiga, que foi na sua casa dar a notícia.
Lucy, afirmou que no dia do ocorrido, por volta das 8h10, Firmino, após ter dormido sozinho na casa de onde o casal planejava se mudar, apareceu no apartamento para o qual estavam se mudando para tomar café. O ex-prefeito já chegou ao apartamento arrumado para ir ao trabalho no TCU. Perguntada se havia constatado algo de anormal, ela afirmou que, desde fevereiro deste ano, notou que a vítima estava muito triste, muito calada, olhando perdido para o tempo.
Quando perguntava para o ex-prefeito o que ele tinha, ele apenas dizia que estava triste, momento em que a depoente tentava animá-lo. Acerca do motivo da tristeza, Firmino não dizia especificamente o motivo, mas a depoente acreditava ser a saída da prefeitura, após muito trabalho durante a pandemia, e a nova rotina de trabalho no TCU, bem como o agravamento da pandemia.
A deputada estadual negou qualquer problema no casamento. Por fim, a viúva afirmou que tem certeza que a vítima cometeu suicídio, não havendo necessidade de analisar dados do celular e expor conteúdos de conversas privadas entre ela e seu ex-marido, e que não acredita que alguém tenha induzido, instigado ou auxiliado o prefeito a cometer suicídio.
Sobre a morte
Consta Laudo de Exame Pericial em Local de Crime, que, após detalhado estudo, não apontou a existência de outra pessoa ou mesmo de um embate físico travado pela vítima, periciando que a causa morte foi realmente suicídio, além de descrever a provável dinâmica do fato e momento que a vítima se arremessa contra o solo.
O Laudo Cadavérico concluiu morte causada por politraumatismo secundário a lesões de alta energia provocado por instrumento contundente. Os achados de necropsia são compatíveis com morte determinada por traumatismo múltiplos por lesões passivas (vítima vai de encontro ao objeto causador da lesão), no caso em
questão, o solo de alta energia cinética.
Confira a decisão na íntegra
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