Um sistema de pontuação para acompanhar a evolução de sintomas gripais e o tratamento precoce com medicamentação para tratar a Covid-19 tem dado bons resultados no município de Parnaíba. O sistema de "busca ativa" de casos por meio de ligações telefônicas também tem ajudado a identificar precocemente pessoas infectadas pelo novo coronavírus.
Segundo a médica infectologista Renata Beltrão, o município vive assim como muitos outros a curva ascendente de casos da Covid-19. Neste cenário, "a população é chamada por telefone para comunicar quaisquer tipo de sintoma gripal. O paciente é classificado como uma síndrome gripal e - ainda como síndrome gripal simples - ele é incluído no sistema de pontuação". Se o paciente está com febre, tem 5 pontos, por exemplo.
"Quando esse sistema de pontuação sai do leve para o moderado, baseado nos sintomas que o paciente apresenta, ele é convidado a entrar num fluxo de tratamento precoce (para a Covid-19)", diz a médica. Nesse momento, o protocolo adotado é receitar como primeira opção ao paciente a "hidroxicloroquina junto com a azitromicina, fazendo um delivery, deixando na casa do paciente".
A médica relata que o paciente tem acompanhamento remoto durante o período de tratamento e de isolamento, que é de 14 dias. "Além disso, tentamos fazer os exames e fazer o acompanhamento da família do paciente para conseguir detectar o mais rápido possível os novos casos".
O quadrinho básico de sintomas (tosse, febre, falta de ar etc) tem as pontuações, que são multiplicadas pela quantidade de dias que o paciente apresentou o sintoma. "Isso a gente faz porque muitas outras doenças ou muitas outras apresentações clínicas vêm com sintomas similares da Covid-19. Então, a gente tenta tirar aquele paciente que tem uma sintomatologia passageira, e permitir que todos aqueles que configurem uma síndrome gripal seja tratados".
Antes de iniciar com a medicação precoce, a infectologista alerta que o paciente passa por uma triagem para relatar cormobidades, sendo, quando necessário, pedido a realização de exames laboratoriais. Ela conta que algumas das reações aos medicamentos na fase inicial da doença foram leves, como diarréia e dor abdominal.
Durante o tratamento, o paciente atendido em Parnaíba fica com pessoa responsável por ele, uma espécie de cuidador virtual, que ele entra em comunicação direta para qualquer tipo de intercorrência. "Se ele sente palpitação, se aumentou a febre, se ele tem mal estar, qualquer coisa relacionada a doença, ele é estimulado a ligar para a pessoa padrão dele, o cuidador dele". Dependendo do relato do paciente, ele será orientado pela equipe médica a ir ao pronto-socorro, ambulatório padrão ou se permanece em atendimento domiciliar.
Dados de Parnaíba
Com base nos dados municipais, Rebata Beltrão informou em entrevista ao Jornal do Piauí que Parnaíba já registrou 126 pacientes, sendo que quatro desses morreram. "Desses óbitos não conseguimos detectar precocemente (os sintomas)", acrescenta.
"Dos 122 pacientes, nós conseguimos manter contato com estrito com 120, e dois não conseguimos manter vínculo. Dos 120 pacientes, já tivemos 50 altas. Dessas 50 altas, 43 foram tratadas medicamentosamente. Hoje nós temos 60 pacientes em acompanhamento e 51 desses em medicação".
Em pacientes mais graves, que estão em uma fase mais avançada da doença, o tratamento é hospitalar, com necessidade de pulsoterapia e anticoagulação.
Carlienne Carpaso
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