Encapuzados invadiram os quartéis na madrugada de quarta-feira (19), retiraram veículos da polícia e esvaziaram pneus. Os carros ficam parados nas ruas em frente aos quartéis para evitar acesso à sede.
Batalhões ocupados por amotinados no Ceará:
Fortaleza e Região Metropolitana:
12° Batalhão, em Caucaia
14° Batalhão, em Maracanaú
16° Batalhão, em Fortaleza
17° Batalhão, em Fortaleza
18° Batalhão, em Fortaleza
22° Batalhão, em Fortaleza
Interior:
Batalhão do Raio, em Sobral
10º Batalhão, em Iguatu
2º Batalhão, em Juazeiro do Norte
Em um momento crítico da crise, o senador licenciado Cid Gomes foi baleado por homens encapuzados quando tentou entrar no batalhão da polícia em Sobral. Ele recebe atendimento médico e não corre risco de morrer, segundo familiares. Um vereador Sargento Ailton, suspeito de liderar o motim, foi expulso do partido.
Foto: Kid Junior/SVM
Quatro policiais foram presos e mais de 300 são investigados por vandalismo e desobediência, conforme o secretário da Segurança Pública, André Costa.
Com a crise na segurança pública, o Ceará conta com reforço de tropas da Força Nacional e Exército fazem a patrulha nas ruas, cumprindo aplicação da Garantia da Lei e da Ordem (GLO). A GLO é utilizada quando as forças policiais regulares perdem o controle da situação.
Reunião termina sem acordo
A proposta do governo é aumentar o salário de um soldado da PM dos atuais R$ 3,2 mil para R$ 4,5 mil, em aumentos progressivos até 2022. O grupo de policiais que realiza as manifestações reivindica que o aumento para R$ 4,5 mil seja implementado já neste ano.
Foto: José Leomar/SVM
Na noite de quinta-feira (21), houve um encontro entre representantes dos policiais que participam do motim e uma comissão de senadores para por fim à paralisação. Mas, não houve acordo.
“Nós vamos continuar aqui [no quartel] com a decisão da maioria da categoria e nós só estamos aqui para obedecer o que a maioria decidiu”, disse o ex-deputado federal Cabo Sabino, que representa os policiais do movimento.
"Ele [o governo do Ceará] diz que até 7h da manhã, quem sair aqui do movimento, quem já está identificado não tem anistia. Quem não estiver identificado eles não vão atrás, mas não garante nada. Aqueles que estão respondendo IPM (Inquérito Policial Militar) vão continuar respondendo. Aqueles que foram identificados não tem anistia, não tem nada disso. E os que não foram identificados até 7h, não vão atrás de identificar", declarou Sabino.
A assessoria do governador Camilo Santana diz que não negocia anistia para os policiais. Mais de 300 policiais são investigados por participar do motim.
Foto: José Leomar/SVM
Resumo:
5 de dezembro: policiais e bombeiros militares organizaram um ato reivindicando melhoria salarial. Por lei, policiais militares são proibidos de fazer greve.
31 de janeiro: o governo anunciou um pacote de reajuste para soldados.
6 de fevereiro: data em que a proposta seria levada à Assembleia Legislativa do estado, policiais e bombeiros promoveram uma manifestação pedindo aumento superior ao sugerido.
13 de fevereiro: o governo elevou a proposta de reajuste e anunciou acordo com os agentes de segurança. Um grupo dissidente, no entanto, ficou insatisfeito com o pacote oferecido.
14 de fevereiro: o Ministério Público do Ceará (MPCE) recomendou ao comando da Polícia Militar do Ceará que impedisse agentes de promover manifestações.
17 de fevereiro: a Justiça manteve a decisão sobre possibilidade de prisão de policiais em caso de manifestações.
18 de fevereiro: três policiais foram presos em Fortaleza por cercar um veículo da PM e esvaziar os pneus. À noite, homens murcharam pneus de veículos de um batalhão na Região Metropolitana.
19 de fevereiro: batalhões da Polícia Militar do Ceará foram atacados. O senador Cid Gomes foi baleado em um protesto de policiais amotinados.
20 de fevereiro: policiais recusaram encerrar o motim após ouvirem as condições propostas pelo Governo do Ceará para chegar a um acordo.
21 de fevereiro: tropas do Exército começam a atuar nas ruas do Ceará.