Depois de 33 anos
da última gestação, a assistente social Hildeneide Lima decidiu realizar o
sonho de ser mãe novamente e desta vez aos 60 anos. A novidade foi também uma
realização para o atual marido, Eduardo Arruda, que é mais novo e não tinha
filhos.
"No primeiro casamento tive três meninas aos 26 anos, que
atualmente têm 39, 36 e 33 anos. Após o divórcio passei 10 anos sozinha, mas
sempre pensava que iria encontrar alguém para realizar o sonho de ser mãe
novamente e encontrei. Após 12 anos de relacionamento fiquei sabendo da
possibilidade de fazer a fertilização in vitro", contou.
O ginecologista
André Luiz, especialista em reprodução assistida e que acompanhou Hildeneide,
explicou como a técnica beneficia pacientes acima de 40 a 50 anos. "Essa
técnica permite a avaliação genética dos embriões, onde é possível identificar
aquele com má formação e selecionar os mais saudáveis, aumentando as chances de
gravidez", explicou.
Logo após a primeira consulta, em junho de 2017, Hildeneide começou o
tratamento e no final de agosto já estava grávida. Uma das filhas, Lorena Lima,
lembrou que a mãe já tinha certeza da gravidez uma semana após a fertilização.
A gestação só foi confirmada por exame um mês depois.
"Eu fui a
primeira pessoa a saber da decisão dela de ficar grávida, estranhei no início,
mas depois dei todo o apoio. Acompanhei ela nas consultas, durante o tratamento
e somente na fertilização contamos para as minhas irmãs", revelou Lorena.
Na fertilização in vitro foram implantados dois óvulos, mas no segundo
mês de gestação um deles não se desenvolveu. Por conta da idade e problemas de
saúde, Hildeneide contou com uma equipe multidisciplinar com nutricionista,
ginecologista-obstreta e endocrinologista.
Isso porque ainda
durante o tratamento, surgiram alguns obstáculos, como a trombofilia, condição
que acomete algumas grávidas e aumenta a chance de coágulos se formarem no
sangue, gerando risco de tromboses. Hildeneide também é hipertensa e
desenvolveu pré-diabetes na gravidez. Apesar disso, ela garantiu que a
experiência a ajudou a manter-se calma em todos os momentos.
"Apesar das intercorrências foi uma gravidez tranquila e nada me
afetou. Acredito que pela minha experiência, por ser uma pessoa mais madura,
tive muito equilíbrio, até porque essa gravidez foi tão desejada e tudo que
surgia eu tentava contornar e superar", destacou Hildeneide.
A gravidez foi acompanhada de perto com muito amor, carinho e paciência
pelas outras filhas de Hildeneide. Em todos os momentos elas estavam presentes,
desde a compra do enxoval, no ensaio fotográfico da gestação, chás de revelação
e bebê até na hora do parto.
"A minha
filha mais nova é pediatra e está grávida de nove meses, mas acompanhou o parto
junto com o meu esposo. Foi muito emocionante. Quando eu peguei Maria Teresa no
colo, a sensação foi de amor e cada dia que passa só aumenta. Eu sabia que ela
iria me fazer feliz. Maria Teresa na minha vida é uma benção. Deus nos deu este
presente maravilhoso e eu só tenho que agradecer", declarou.
Maria Teresa nasceu de 35 semanas, no dia 26 de abril, data do
aniversário da avó paterna. A cesárea estava agendada para 19 de maio, mas a
mãe começou a sentir contrações antes e a cirurgia foi antecipada. Ela conta
que o nascimento da quarta filha iniciou uma nova etapa em sua vida.
"É um amor
que a gente não sabe explicar, um sentimento que eu senti com minhas outras
filhas, mas não tão forte porque eram três e eu me dividia com o trabalho e a
casa. Hoje também tenho mais estabilidade financeira, emocional, o meu
relacionamento atual é de muito respeito e companheirismo", disse ela, que
confessou que ainda espera cuidar dos netos da filha caçula.
E ela deixou um recado para aquelas que não acreditam, por algum
motivo, que ainda possam realizar o sonho da maternidade.
"Eu digo para não desistirem. Nem que seja 1% de chance, tentem e
tenham fé. Eu tinha certeza que era a Maria Teresa a caminho, porque sou devota
de Santa Teresinha e nas minhas orações sempre pedia para a santa me ajudar e
que minha filha nascesse com saúde", disse emocionada.
(G1/PI)