Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
Presidente Michel Temer: no centro da crise
O Brasil de hoje se divide em dois: um que está se desmilinguindo em crise política e outro que dá sinais vigorosos de recuperação de sua economia, depois de se debater por dois amargos anos com a maior recessão de sua história. Os dois países não se encontram. E também parece que não se conhecem.
A raiz da interminável crise política está, como se sabe, na delação premiada do dono do grupo JBS-Friboi, Joesley Batista, que gravou sorrateiramente o presidente da República em conversa privada.
Com a gravação em mãos, ele negociou com o Ministério Público Federal um acordo inédito. Através dele, conseguiu voar para a impunidade, depois de confessar mais de 240 crimes, e empurrou o presidente para o abismo. O Ministério Público Federal interpretou a truncada conversa entre os dois como uma tentativa de obstrução da Justiça.
Impopularidade e palanques
Desde então, as investidas para derrubar o presidente são diárias, antes mesmo que os fatos possam ser esclarecidos adequadamente, através das investigações. Com a popularidade em baixa e palanques sendo montados todos os dias para a sua sucessão, o presidente tem sido alvo fácil para os interessados em apeá-lo do poder.
Sua queda já foi dada como certa em diversas ocasiões, pela Rede Globo, que nesta crise pauta os demais veículos da imprensa nacional. Porém, ele vem resistindo. Até quando terá forças? Não se sabe. O que é certo é que bombardeio contra Temer não cessará. Portanto, a crise política vai se prolongar. E não se acabará com a sua eventual queda. Pelo contrário.
Economia reage
Enquanto o Brasil pega fogo na política, na economia o país começa a colher os frutos do ajuste fiscal feito no início do atual governo: a inflação cai a baixos patamares. O mês de junho passado apresentou deflação, a primeira em 11 anos. Os depósitos na poupança alcançaram o melhor junho em 4 anos, com um saldo positivo superior a R$ 6 bilhões.
Os juros caem. Entre outubro de 2012 e abril de 2016, a taxa básica de juros (Selic) dobrou. Ela subiu de 7,25% ao ano para 14,25%. Depois do ano passado, com as medidas econômicas do atual governo, como a que criou um limite para os gastos públicos, os juros começaram a cair: desceram dos 14,25% ao ano para 11,25%. A expectativa de especialistas do mercado financeiro é que a taxa caia ainda mais.
Segundo o último Boletim Focus, uma publicação semanal que reúne as projeções de analistas do mercado financeiro, a Selic vai chegar ao fim de 2018 em 8,50%.
E mais: a balança comercial brasileira registrou o melhor primeiro semestre em 29 anos. Segundo o Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, a diferença entre importações e exportações deixou um saldo positivo de US$ 36,2 bilhões no período.
A opção do país
O desemprego ainda se mantém em patamar elevadíssimo, atingindo 14 milhões de trabalhadores. E não surgiram muitas oportunidades para os jovens que ainda não ingressaram no mercado de trabalho. Vencer o desemprego é, portanto, o maior e mais urgente desafio que o país tem pela frente, na retomada do crescimento econômico.
Mas as energias que poderiam ser dispendidas para a recuperação da economia estão sendo gastas é com a crise política.