Por:Benedito Gomes(*)
Em outubro sentimos na pele o efeito do equinócio de setembro, o segundo do ano. Este acontecimento astronômico alheio à nossa vontade é o momento em que o equador celeste cruza o equador terrestre; os dias e as noites ficam iguais em tamanho; o sol ilumina os dois hemisférios ao mesmo tempo. Como fazemos parte de ambos e estamos próximos à linha equatorial terrestre, recebemos diretamente os raios solares, dai o calor extremo em que estamos vivendo.
Em outubro também assistimos e participamos de dois eventos que podemos considerar o extremo da vida humana: no dia 1º lembramos “O Dia do Idoso”, e no dia 12 festejamos o “Dia da Criança”.
Será que existe diferença entre lembrado e festejado? Acho que sim. Então vejamos: a criança é alegria em qualquer lugar. Se sorrir é lindo, se grita a gente sorrir, se pula a gente admira, se cai a gente socorre e faz carinho, isso no dia a dia. E ainda vem o dia das crianças. Dias antes da data marcada o mundo infantil vai às ruas, o comércio faz sua própria festa, vitrines decoradas, promoções a todo instante, brinquedos de todas as marcas e modelos, tudo à espera do pequeno consumidor que chegará a qualquer momento.
O dia chega, tudo pronto, festa nos colégios, creches, residências, alegria total dos pais, parentes, amigos. Criança é assim, só felicidade.
E o dia do idoso foi festejado? Acho que não, apenas foi lembrado por alguns. Sabem por que é lembrado o dia 1º de outubro? Porque neste dia foi oficializado o seu estatuto. Idoso não precisa de Leis para reger sua vida, precisa é de carinho, respeito, cuidados, admiração pela sua história, agradecimento pelos seus serviços prestados. Não vi nenhuma oferta, nem promoção, não vi lojas fazendo festa para receber os idosos. Acho que esqueceram que a Terceira Infância tem renda, tem crédito, tem família, tem experiência e entende, em condição especial, o dia a dia desta vida.
Abrigo São José – você sabe onde fica? Bem ali na avenida Padre Raimundo José Vieira, um casarão à moda antiga, um grande quintal arborizado, um ambiente de silêncio e paz, funcionários atenciosos cuidando de tudo, do imóvel, de instalações e com atenção dobrada para o que há de melhor ali dentro - 21 idosos residindo ali com garantia permanente. São 14 homens e 7 mulheres, alguns do Piauí outros do Maranhão e Ceará. Os parentes estão distantes, não recebem noticias há anos, talvez nunca mais.
Faça uma visita ao Abrigo São José, vale à pena! Encontrei dois internos que eu os conhecia aqui pela Praça da Graça. Me reconheceram, conversamos um pouco... Ali você vê pessoas curvadas com o peso dos anos, pessoas que nada planejam para o futuro. Vive-se o presente em função do passado.
Aquelas pessoas estão esperando sua visita, e com certeza você verá neles a beleza da simplicidade e o anonimato dos humildes.
(*)Benedito Gomes
Contador UFPI