Por:Benedito Gomes(*)
O cidadão que dividiu o tempo em pedaços deve ter sido muito inteligente. Imagine um tempo sem começo e sem fim e alguém resolve fatiá-lo e nominar tudo com nomes antes nunca vistos, dai surgiu a nomenclatura, do menor para o maior: segundo, minuto, hora, dia, semana, mês, ano, século e milênio. Pois este cidadão inteligente também resolveu dar nome ao tempo, para cada dia um nome diferente e para cada mês também. Entre os dias, um ele batizou com o nome de Domingo e lhe deu uma designação “dia de descanso“, Depois vieram os feriados, datas cívicas, criadas por lei, por decreto e até por portaria. Temos também os dias santos, data em que homenageamos alguém do Reino Celestial, alguém que passou por esta vida e fez história, alguém que com certeza prestou um grande serviço à humanidade e merece sempre o nosso respeito e nossa admiração.
Vamos voltar então ao nosso velho e esperado final de semana. Sábado ássado encontrei o atual e próximo Vereador Carlson Pessoa e durante um bom tempo jogamos conversa fora: falamos de uma série de coisas, do velho Ginásio Parnaibano, da Maria Fumaça, do Porto Salgado, atual Porto das Barcas, com seu velho guindaste há mais de 50 anos levando sol e chuva, pedindo socorro e sem ser ouvido. Conversa vai, conversa vem, nos lembramos do Mercado do Bairro de Fátima. Você lembra como eram os mercados Públicos de Parnaíba, até década de 70? Era o mercado velho aqui no centro e o Mercado da Guarita, praticamente duas favelas. Em 1976 o MDB elegeu Prefeito de Parnaíba, João Batista Ferreira da Silva. Além de muitas reformas em logradouros públicos, construiu partindo do zero a Avenida Pinheiro Machado, da antiga Cooperativa Delta à Avenida Nossa de Fátima; a Rodoviária de Parnaíba, o Mercado São José, onde hoje é a Penitenciaria Mista de Parnaíba e construiu também o grandioso Mercado do Bairro de Fátima. Foi projetado na época para atender uma população de cinquenta mil pessoas: atenderia ao centro, bairro Campos, parte do Pindorama, bairro de Fátima, São Benedito e região, até onde hoje é o bairro João XXIII.
Logo que foi confirmada a construção do Mercado, na Rua Pires Ferreira, os preços de imóveis na área duplicaram. Com a obra ainda nas fundações, já surgiam novas casas comerciais ao redor.
O Mercado pronto, dezenas de pontos comerciais, mercearias abastecidas de tudo, arroz, feijão, farinha, óleos vegetais, azeite de coco, rapadura e tudo mais que você precisasse comprar, alguém tinha para vender.
A área destinada aos produtos hortifrutigranjeiros, com quase mil metros quadrados, impressionava pela variedade e pela qualidade dos produtos oferecidos. Dezenas deboxs destinados à venda de carnes bovina, suína, ovino, caprino e aves. Uma área de aproximadamente 500 metros quadrados era destinada à venda de peixes, tinha de todos os tamanhos e espécies e das duas águas que conhecemos, doce e salgada. Também tinha camarão, mariscos, ostras, sururu e muito mais. O ultimo galpão aberto era destinado ao embarque e desembarque de mercadorias, havia também câmaras frigorificas, lanchonetes, etc... era um mercado completo. Me lembro no dia da inauguração quando Batista Silva disse: “Este Mercado é uma verdadeira central de abastecimento que está sendo entregue ao povo de Parnaíba”. Pura verdade.
E aí vem a pergunta: por que deixaram acabar? Na minha opinião é melhor esquecer por que deixaram chegar a tal ponto e pensar em recuperá-lo, com materiais e equipamentos modernos, transforma-lo em uma ZPI – Zona de Processamento de Importação. Que seria, se os Governos Municipal, Estadual e Federal, ao invés de estarem jogando milhões de reais dentro do mato em um empreendimento sem a menor condição de retorno (ZPE), aplicassem uma boa soma nos Tabuleiros Litorâneos. Com certeza teria sua produção triplicada e, com um local de distribuição em Parnaíba, certamente era venda garantida aqui e para cidades circunvizinhas, além de termos frutas e verduras frescas e baratas em nossa mesa, também seriam gerados centenas de empregos nas duas pontas do negócio. Ah! Para fazer este pequeno texto aproveitei o domingo lá do começo, dia de descanso, para visitar o Bairro de Fátima.
Bom dia a todos.
(*)BENEDITO GOMES
CONTADOR (UFPI)