Por: Pádua Marques (*)
Pouca gente prestou atenção, mas existe dentro da cabeça dura desse pessoal que está no poder há mais de dez anos e pelo visto correndo pros vinte, que um dos maiores inimigos da classe trabalhadora é o empresariado. Desde que chegou ao Palácio do Planalto esse pessoal tratou de logo ir colocando toda sorte de dificuldades e cortando toda a dinâmica da iniciativa privada, principalmente empreendimentos de grande porte e que empregam quantidade de mão de obra qualificada.
Pela mentalidade desse pessoal, tendo Lula como liderança, todo empresário é explorador da classe trabalhadora. Pela mentalidade desse pessoal a classe trabalhadora deve tomar nas mãos o setor produtivo e decidir sobre seus salários e um não sei quantos benefícios sociais. Pela mentalidade deles a propriedade privada é usurpadora e concentradora de riquezas na mão de poucos e nega o princípio elementar de direitos naturais. Empresa tem, é obrigada de dar vale transporte, vale refeição, creche, vale gás, vale cultura e etc.
Dá pra ver no que está dando esta mentalidade dos arquitetos políticos e dessa turma que está no poder. Empresas de médio e grande porte estão sendo desmontadas e dando lugar a pequenas, minúsculas empresas de fundo de quintal na ilusão de que há necessidade de fortalecimento desse setor abrir oportunidade para os pequenos. Realmente eles têm direito a um lugar no setor produtivo. Mas esse governo guiado por essa ideologia está é sucateando o quanto pode a média e a grande indústria e o comércio.
Há exemplos de microempresas, poucas, mas poucas mesmo, que conseguem com um determinado tempo sobrevivência. E todo mundo acreditando que essas empresas, a maioria sem presença marcante no setor produtivo, podem substituir a médio e longo prazo as grandes e com capital e reconhecida capacidade de desenvolvimento, tecnologia, manutenção no mercado e grandes empregadoras de mão de obra qualificada.
Pela mentalidade desse pessoal que está no poder não há mais espaço para grandes empreendimentos. Pela mentalidade desse pessoal os grandes empresários são obrigados a suportar uma carga tributária do tamanho de um trem e uma centena de encargos sociais. Empresário no Brasil virou inimigo do Estado.
E todo mundo batendo palmas e acreditando que o estado pode tudo e deve fazer tudo. Pode inclusive diminuir ou acabar com a importância da iniciativa privada dando lugar a uma situação de controle geral de todo o setor produtivo. E todo mundo acreditando nessa mentalidade de que quanto mais o governo dá de graça, melhor. O governo acaba tomando lugar de tudo sem a menor cerimônia.
Enquanto isso o governo vai inchando a máquina administrativa e dando largueza a uma burocracia sem tamanho. E vai chegar se é que já não chegou, o tempo em que não vai
ter mais de onde tirar dinheiro pela via dos encargos e impostos pagos pela iniciativa privada para manter esse animal, esse monstro que é a máquina estatal com alguns programas reconhecidamente assistencialistas.
Lembra aquela rede de lojas que, entrando numa cidade pequena se dana a distribuir brindes todo santo dia para ganhar clientes. E com uma semana todas as lojas já estabelecidas há décadas naquela cidade acabam quebrando e desempregando seus trabalhadores porque não suportam essa concorrência caída de paraquedas assim do dia pra noite.
Depois de alguns dias, quando a poeira baixa e as promoções acabam a população se dá conta que toda aquela estratégia saturou e não vai mais ter prosseguimento porque a capacidade de mercado da população não era o esperado. É por isso que eu tenho receio de certas iniciativas desse modelo de economia que está em curso no Brasil. Há de se dar oportunidades para os pequenos, mas não eliminando toda a capacidade de sobrevivência da média ou grande empresa somente porque alguém dentro do governo nunca gostou ou não gosta de ter patrão.
(*)Pádua Marques é jornalista e escritor