Médicos e estudiosos são unânimes em dizer que, infelizmente, a dependência química, especialmente a do crack, ainda não possui cura. Mas isso não impossibilita que se encontrem caminhos para que usuários possam levar uma vida digna e se manter distantes da droga.
“É necessário que haja um conjunto de ações: uma base espiritual, psicólogos, psiquiatra, médicos para tratamento de dependência química, para receitar e fazer a avaliação clínica”, exemplifica o médico João Chequer, PHD em Dependência Química.
Até 2014, havia seis mil usuários de crack registrados em Vitória, segundo a última Pesquisa Nacional sobre o Uso do Crack, realizada pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), que deve ser apresentada ainda no primeiro semestre de 2016.
É importante ressaltar que a maioria desses usuários não são moradores de rua, que hoje formam um contingente de, no máximo, 130 pessoas, segundo a Prefeitura de Vitória.
A droga
O crack é feito a partir da cocaína, outra droga também estimulante. A diferença é que, por ser fumado, o efeito do crack atinge mais rapidamente o organismo. E acerta em cheio o sistema de recompensa do cérebro, local responsável, grosso modo, por receber e redistribuir os estímulos de prazer.
Outro grande problema é que com a mesma velocidade que a droga atinge o sistema nervoso do usuário, os efeitos dela logo vão embora.
“Quando você tem um estímulo exagerado, o corpo humano passa a funcionar como se aquilo fosse normal. Aí vai precisando de mais doses. Você vai precisar de estímulos cada vez maiores”, explica o médico psiquiatra Fernando Furieri.
A médica e pesquisadora da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) Ester Nakamura Palacios reforça que o primeiro passo é deixar de usar a substância. “Mas isso não é tão fácil”, admite.
“É necessário que haja um conjunto de ações: uma base espiritual, psicólogos, psiquiatra, médicos para tratamento de dependência química, para receitar e fazer a avaliação clínica”, exemplifica o médico João Chequer, PHD em Dependência Química.
Até 2014, havia seis mil usuários de crack registrados em Vitória, segundo a última Pesquisa Nacional sobre o Uso do Crack, realizada pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), que deve ser apresentada ainda no primeiro semestre de 2016.
É importante ressaltar que a maioria desses usuários não são moradores de rua, que hoje formam um contingente de, no máximo, 130 pessoas, segundo a Prefeitura de Vitória.
A droga
O crack é feito a partir da cocaína, outra droga também estimulante. A diferença é que, por ser fumado, o efeito do crack atinge mais rapidamente o organismo. E acerta em cheio o sistema de recompensa do cérebro, local responsável, grosso modo, por receber e redistribuir os estímulos de prazer.
Outro grande problema é que com a mesma velocidade que a droga atinge o sistema nervoso do usuário, os efeitos dela logo vão embora.
“Quando você tem um estímulo exagerado, o corpo humano passa a funcionar como se aquilo fosse normal. Aí vai precisando de mais doses. Você vai precisar de estímulos cada vez maiores”, explica o médico psiquiatra Fernando Furieri.
A médica e pesquisadora da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) Ester Nakamura Palacios reforça que o primeiro passo é deixar de usar a substância. “Mas isso não é tão fácil”, admite.
Ela acrescenta que não há um tratamento específico para a dependência das drogas, mas explica que uma das frentes de trabalho dos médicos é tratar, pelo menos, os sintomas da doença. Entre as opções, o uso de antidepressivos e de anticonvulsivos, por exemplos.
As recaídas
No primeiro momento sem usar drogas, a pessoa sofre crises de agudas de abstinência. Entre os sintomas estão tremores, desespero para usar drogas, inquietação, mania ou hipomania e o pensamento compulsivo para usar drogas.
Depois dessa fase, tem a abstinência prolongada ou tardia, com sensações de desconforto ou mal-estar. “Pode durar o resto da vida”, afirma Furieri.
Isso explica por que mesmo depois de anos sem usar, um ex-usuário tem uma recaída pela droga. “Se tiver um fator desencadeador, vai usar de novo”, diz Furieri.
Podem desencadear recaídas o simples ato de falar sobre a droga, ficar nervoso ou momentos de frustração.
A médica Ester Nakamura Palacios acrescenta que a dependência química é um doença crônica caracterizada justamente pelas recaídas.
Apesar das recaídas, um alento: “Quanto mais tempo a pessoa ficar sem usar, mais chances de não ter recaídas”, afirma Fernando Furieri.
João Chequer aponta a importância de também fazer o acompanhamento familiar do dependente químico. “É importante tratar também a família com acompanhamento médico e psicológico”
Enquanto a cura não vem, ficam os votos para que seja sempre bem sucedido na luta contra as recaídas. “Ele tem que continuar tentando sempre”, diz Furieri.
No primeiro momento sem usar drogas, a pessoa sofre crises de agudas de abstinência. Entre os sintomas estão tremores, desespero para usar drogas, inquietação, mania ou hipomania e o pensamento compulsivo para usar drogas.
Depois dessa fase, tem a abstinência prolongada ou tardia, com sensações de desconforto ou mal-estar. “Pode durar o resto da vida”, afirma Furieri.
Isso explica por que mesmo depois de anos sem usar, um ex-usuário tem uma recaída pela droga. “Se tiver um fator desencadeador, vai usar de novo”, diz Furieri.
Podem desencadear recaídas o simples ato de falar sobre a droga, ficar nervoso ou momentos de frustração.
A médica Ester Nakamura Palacios acrescenta que a dependência química é um doença crônica caracterizada justamente pelas recaídas.
Apesar das recaídas, um alento: “Quanto mais tempo a pessoa ficar sem usar, mais chances de não ter recaídas”, afirma Fernando Furieri.
João Chequer aponta a importância de também fazer o acompanhamento familiar do dependente químico. “É importante tratar também a família com acompanhamento médico e psicológico”
Enquanto a cura não vem, ficam os votos para que seja sempre bem sucedido na luta contra as recaídas. “Ele tem que continuar tentando sempre”, diz Furieri.
Capital oferece serviços para atender usuários
A Prefeitura de Vitória adota pelo menos 10 projetos para ajudar na recuperação social de moradores de rua e de usuários de drogas. Todos fazem parte do programa “Onde Anda Você?”.
Entre eles, há também programa de crédito, em que é dado suporte financeiro de até R$ 39 mil para comprar um imóvel, segundo a secretária Bianca Assis, de Gestão Estratégica de Vitória.
Hoje há em Vitória cerca de 130 pessoas em situação de rua. Nem todas são usuárias de drogas, como ressalta a secretária, mas todas são alvo de abordagens sociais.
As que são identificadas como usuárias são encaminhadas para tratamento, desde que assim queiram. “Encaminhamos para rede municipal que tem toda uma rede de atendimento psicossocial”, ressalta Bianca Assis.
A pessoa pode ser encaminhada para os serviços públicos de saúde como os pronto-atendimentos ou as unidades de saúde.
“São 10 serviços dentro do serviço especializado de abordagem social. Há o consultório de rua, o acolhimento institucional, reinserção pelo trabalho, o projeto Escola da Vida, a escolarização de pessoa em situação de rua, as moradias alternativas, com o aluguel social e a carta de crédito.
Ela cita ainda a revitalização de locais que podem ser utilizados como pontos fixo para uso de drogas.
O prefeito de Vitória, Luciano Rezende, foi procurado pela reportagem para comentar a situação de usuários de crack na capital, mas indicou a secretária Bianca Assis para falar em seu lugar.
“São 10 serviços dentro do serviço especializado de abordagem social. Há o consultório de rua, o acolhimento institucional, reinserção pelo trabalho, o projeto Escola da Vida, a escolarização de pessoa em situação de rua, as moradias alternativas, com o aluguel social e a carta de crédito.
Ela cita ainda a revitalização de locais que podem ser utilizados como pontos fixo para uso de drogas.
O prefeito de Vitória, Luciano Rezende, foi procurado pela reportagem para comentar a situação de usuários de crack na capital, mas indicou a secretária Bianca Assis para falar em seu lugar.
O projeto
O “Onde Anda Você?” foi lançado em 2013 e agrega projetos das áreas de Assistência Social, Saúde, Habitação, Educação, Trabalho e Geração de Renda, Esportes, Lazer e Cultura.
Havia na época 732 pessoas em situação de rua. Hoje são cerca de 130. O serviço especializado em abordagem social possui equipe formada por assistentes sociais, psicólogos e educadores sociais.
Neurocientista defende oferta de alternativas para usuários
Indo na contramão do que diz o senso comum sobre os usuários de crack, o neurocientista americano Carl Hart defende que a pessoa viciada tem condições de optar por deixar de usar drogas, desde que haja alternativas que compensem, como família ou carreira interessante.
Em sua pesquisa, desenvolvida desde a década de 1990, ele estuda os efeitos do crack. No estudo, o usuário poderia escolher entre usar mais crack ou receber alguma outra coisa, como dinheiro. Ele observou que o usuário abria mão do crack quando havia outras boas alternativas. Ou “reforço alternativo”, como ele chama.
É com essa teoria que ele explica por que se percebe mais dependentes de crack entre camadas mais pobres da população, historicamente preteridas de melhores alternativas profissionais, por exemplo.
E é por isso também que muitos moradores de rua estão associados ao uso das drogas, segundo o que defende Carl Hart. Isso porque, para quem está na rua, a “alternativa” é conviver consciente com situações de violência e de insalubridade trazidas pela vida nas ruas.
O próprio Carl Hart foi usuário de drogas. Já admitiu em entrevistas ter roubado e portado armas.
Mas com talento para a matemática conseguiu uma bolsa na Universidade de Yale, onde descobriu outras habilidades e seguiu, então, para a carreira acadêmica. E tornou-se o primeiro americano negro professor de Ciências da Universidade de Columbia.
Fonte: Globo.com