Parnaíba vive um momento excepcional: a cidade que mais cresce no Brasil tem projeto para a construção do seu matadouro público, camelódromo, usina de asfalto, veículo leve sob trilhos, “vila do leite”; centro de convenções, “cidade administrativa”, dentre outras maravilhas que marcaram a campanha e floreiam os discursos ao longo dos três anos da atual administração.
Porém permanecem algumas inquietações: Como andam estes projetos? Qual a qualidade dos serviços públicos? E a representação política como vai? Sobre a atual gestão o que pode ser destacado?
Recapeamento asfáltico, pavimentação poliédrica, quadras poliesportivas, academias de ginástica, Unidades de Pronto Atendimento (UPA’s), dentre outras, essas obras foram financiadas pelos governos federal e estadual e deram uma oportunidade para a atual administração não passar em “brancas nuvens”! Com recursos próprios do município pouco foi realizado, além da enxurrada de contratações graciosas que escondem a prática mesquinha e malandra da velha política. Mesmo assim, a cidade se “orgulha” da administração que conseguiu, ao completar 34 meses de governo, ter conseguido o extraordinário feito da retirada da ocupação irregular da Praça da Santa Casa e da Guarita, tornando-se o marco de uma gestão que tem à sua disposição algo em torno de R$ 350 milhões de orçamento anual. Faça a conta multiplicando por 3 anos e analise o que temos de retorno concreto da aplicação do dinheiro público.
Reformas de alguns logradouros públicos entram para a história pela qualidade questionável e pelo preço praticado, dentre elas: Praça da Graça, Terminal Rodoviário, Estádio Municipal, Postos de Saúde e Escolas. Também merece destaque o valor aplicado na construção do “Calçadão Cultural”!
Mesmo assim o gestor probo, competente e sem um ser vivente que chegue aos pés de sua capacidade técnica vai se especializando naquilo que mais detestava: política! Aliás, uma correção: politicagem! Pois os meios e artifícios usados pela atual administração são balizados por uma proposta de poder que em nada se aproxima da promoção do bem estar social. Esta, a verdadeira ação política!
O Poder vem sendo exercido como um meio de influência e não em nome de um objetivo final de desenvolvimento da sociedade. A corrente política dominante se digladia por privilégios cada vez mais imorais, estando a massa a vagar em um mercado ideológico que se resolve em si mesmo.
A carência de gestos mais nobres leva os incautos a aplaudir o pouco do que é feito, mesmo que seja a obrigação de um gestor responsável. A bem da verdade esta gestão traiu a confiança pública. E, de quebra estimulou as pessoas a olharem a política com o mesmo olhar d’antes, como sendo um espaço dos malfazejos e corruptos. Perderam o rumo. É como se esgotasse toda a possibilidade de fazer diferente. Esperava-se mais, esperava-se uma política conduzida de forma decente e que impusessem um ritmo que permitisse a sociedade se envolver com a gestão através da participação e do controle social, pilares de uma relação social saudável entre administrador e administrados.
Não se estimula a construção de uma sociedade ciente do seu papel e de que o papel do governante não é o de fazer o “feijão com arroz”, mas de promover a dignidade humana, a gestão racional dos recursos naturais aliadas a um modelo de desenvolvimento econômico com bases sustentáveis.
Mas está findando esse mandato. O que virá por aí?! O último ano parece que será dedicado a fazer o que não “pôde” ser feito nos três anos. O moço quer ficar mais quatro anos. Qual o seu legado? O que o credencia? A “velha política” está mais viva do que nunca! Nem mesmo os seus “companheiros” que antes o tinham como oportunista e não-petista, silenciaram. Aliás, em boa medida, por uma “justa razão”: estão aquinhoados com graciosos cargos na administração, sejam aos próprios, aos parentes ou correligionários. A indignação de antes a esta prática se perdeu no tempo...
Um governo medíocre se mede por suas ações e comparações! A fronteira da mediocridade precisa ser ultrapassada. Se as ações não respondem aos anseios coletivos, o pouco feito é celebrado comparativamente com as gestões igualmente desqualificadas que antecederam a esta. Ao estabelecer como parâmetro de comparação os iguais medíocres de antes e que frustraram a cidade, a atual se notabiliza por ações que está longe de representar um projeto de gestão qualificada que precisa ser implementado na Parnaíba. Com raríssimas exceções, os “petistas” da terra de Simplício Dias perderam o discurso e se afogaram na prática enlameada que tanto combateram. O que mudou?!
Entender os mecanismos que levam à eficiência do discurso de que a Parnaíba é um “El Dourado” torna-se desafiador, pois se sabe que ele tem uma base que se assenta no modo em que o PT manipulou as massas subnutridas, mental e fisicamente. O cinismo não tem limite! O comportamento oportunista enraíza-se a partir da carência da representação qualitativa, da fragilidade econômica e social da maioria da população e pela conivência dos órgãos de controle e justiça! Sem envolvimento da sociedade, sem líderes comprometidos, sem uma política de desenvolvimento integrado toda a prosperidade é falsa!
(*) Fernando Gomes, sociólogo, eleitor, cidadão e contribuinte parnaibano.