Independentemente do que dizem os historiadores de que Parnaíba tem 3 datas magnas a celebrar, o que é reconhecido em lei municipal, é no dia 14 de agosto que os parnaibanos vivem de fato o feriado e festejam os feitos dos que fizeram a história da cidade. As demais datas são: 11 de junho de 1711 – Fundação da Villa de Nossa Senhora de Montserrat da Parnahyba; 18 de agosto de 1762 – Instalação da Villa de São João da Parnahyba. A Lei que reconhece estas datas é a de nº 2.581, de 13 de agosto de 2010 e sancionada dia 13 de agosto de 2011.
Neste dia 14 de agosto é preciso ir além do ufanismo romântico que alguns costumam adotar, para avaliar o momento promissor que a cidade vive, sem deixarmos de reconhecer as omissões recentes de governantes que impediram que Parnaíba tivessem avanços maiores, porque para eles os projetos pessoais estavam em primeiro lugar. Pensar primeiro nas próximas eleições ao invés de pensarem nas futuras gerações continua sendo o câncer que atrasa não só a Parnaíba como o restante do país.
Nas últimas décadas Parnaíba tem sido bastante beneficiada com os investimentos do Governo Federal, o que não poderia ser diferente por ser a cidade um ente federativo. Os investimentos privados aqui também chegaram mas em proporções bem menores que em outras cidades de seu porte, como Sobral, no Ceará, por exemplo. E por que isso acontece? É exatamente pelo fato da nossa frágil classe política se contentar apenas e tão somente com o trivial e se esquecer de pensar alto em benefício do Estado e de seu povo. Se o governo federal destinar para o Piauí apenas o bolsa família e o programa “Minha Casa Minha Vida” parece ser o suficiente para nossos políticos, desde que sejam nomeados os indicados deles para os cargos a que julgam que têm direito.
Parnaíba, de tão rica que já foi, chegou a antecipar, na época, o pagamento do seu ICMS para que o Estado pudesse pagar a Folha de pessoal. E um dos exemplos do seu poderio econômico seria o Parnaíba Pálace Hotel, construído só pelos sócios da Associação Comercial e que hoje faz parte do Complexo “Hotel Delta”. Foi a época em que vivíamos um dos 3 ciclos econômicos experimentados no município.
Há quem diga que Parnaíba poderia estar muito mais à frente se não perdesse tempo com o encantamento do que foi no passado e procurasse viver mais o presente, aproveitando as oportunidades que lhe surgem, procurando sempre “fazer do limão uma limonada”, a exemplo dos cearenses que aprenderam ganhar dinheiro fazendo turismo de uma forma profissional, coisa que está muito longe de ocorrer em Parnaíba. Exemplo? Olhem para a única praia do município- a Pedra do Sal. Cantada em prosas e versos como cartão postal. E só. E o que dizer da Lagoa do Portinho? Esqueceram-na e ela secou. E a exuberante Lagoa do Bebedouro, na zona urbana da cidade? Local privilegiado, ela é apenas um amontoado de água malcheirosa coberta de aguapés. Por que os governantes não olham para o potencial que possuem e decidem fazer do turismo uma fonte de renda? Trabalhar de forma profissional, sem os arranjos e improvisos comuns nos dias atuais.
Parnaíba vive um bom momento, sem dúvidas. Redescobre sua vocação para o desenvolvimento, busca atrair investimentos privados, teve ganhos fantásticos na educação, mas, é uma cidade rica? Qual é o fator que nos dá segurança de que nas próximas décadas aqui teremos grandes indústrias gerando emprego, a exemplo do que já existe em Sobral? Seria o Porto de Luiz Correia, a ZPE de Parnaíba ou os grandes investimentos do governo federal na produção de energia? Sim, porque a realidade atual é de esmorecer qualquer otimista. A não ser que apostem na produção das usinas eólicas que se implantam por aqui.
Não é neste 14 de agosto que os discursos ufanistas dos nossos governantes vão forçar a realidade mudar de cara. Sejamos otimistas, sim, mas sem sermos ingênuos de acreditar que Parnaíba vive um mar de rosas, quando a realidade nacional aponta para outro rumo. Muita coisa mudou, para melhor. Mas longe estamos de pensar que a cidade é apenas estas ruas e avenidas asfaltadas; a colocação das primeiras ciclofaixas na segunda maior cidade do Estado, isto apenas na segunda década do século XXI. A cidade é também sua periferia cheia de carências e onde vivem os seres humanos quase invisíveis, que não são vistos pelos governantes, os mesmos que deixam que moradores da nossa pequena zona rural continuem sem ter água potável para beber.
Hoje é só mais um aniversário de Parnaíba. Cantemos o “parabéns pra você”, sopremos a velhinha e comamos o bolo. Mas não nos esqueçamos que não podemos deitar e dormir em berço esplêndido porque os desafios deste século são enormes. Não nos encantemos com tolices porque o tempo urge e ninguém sabe do dia de amanhã. Nossos antepassados fizeram o possível, escreveram a história deles , e nós? Estamos conscientes da parte que nos toca? Estamos empenhados em desempenhar o papel que nos cabe no cômputo geral dos fatos?
Que cada um faça sua reflexão sem se esquecer de que ser otimista é bom demais. Mas palavras sem ação são apena espumas ao vento. Parabéns, Parnaíba! Dias melhores hão de vir, com um progresso palpável que vá além de algumas palavras bonitas comuns nos discursos oficiais. Este “Tribuna do Litoral” tem procurado contribuir para isso, desde que aqui surgiu nos anos 80 e nesta sua fase atual, iniciada em janeiro de 2013. A estrada é longa, é uma corrida de obstáculos, mas. como diz o poeta maranhense, Gonçalves Dias, na sua Canção do Tamoio “(...) Viver é lutar. A vida é combate, que os fracos abate, que os fortes, os bravos só pode exaltar”HOMENAGEM DO JORNAL