Nesta semana que passou
três situações me chamaram a atenção e me deixaram em alerta. A primeira, o
encontro cerimonioso do presidente da Federação das Indústrias do Estado do
Piauí, ex-governador Antonio José de Moraes Souza, o Zé Filho, com o atual
governador, o petista Wellington Dias por ocasião das comemorações do Dia da
Indústria. A imprensa da capital, mais fofoqueira e intrigante do que as
vizinhas da rua Sebastião Basto, fez de um tudo pra arrancar declarações
reveladoras sobre o atual momento estadual.
Pelo que foi visto e
ouvido pela televisão, nas fotografias estampadas nos blogs, portais e jornais
impressos, nada acrescentou além das gentilezas do anfitrião pra seu convidado
e, se escapuliu alguma coisinha sobre investimentos e parcerias foram declarações
quase formais, estudadas e que certamente nenhuma das partes vai fazer a menor questão
de voltar a tocar no assunto mais daqui a pouco. Políticos quando na frente de
um bloco de anotações ou de uma lente de câmera de televisão ficam cabreiros
mais parecendo bode refugando pau de porteira.
O outro assunto é um
artigo do professor e economista Renato Santos Júnior em que cobra dos
políticos piauienses maior empenho sobre uma definição pras obras do porto
marítimo de Luiz Correia. Professor, eu comungo com sua preocupação e
determinação em defender o que seria o desenvolvimento do Piauí a partir da sua
região norte. Mas professor, com todo o respeito, esse pessoal que detém mandato
legislativo há décadas e décadas se repetindo, de pai pra filho e sobrinho e
coisa e tal tanto em Teresina quanto em Brasília, não quer coisa nenhuma, não!
Os políticos do Piauí,
professor, me desculpe a franqueza e se eu estiver errado, muitos, a sua
maioria mesmo, nunca tocaram os pés aqui nesta região de Parnaíba pra ver de
perto nossa realidade ou mesmo de longe se pronunciaram a respeito. Esse
pessoal, professor Renato Santos Júnior, só pensa em eleição de quatro em
quatro anos pra prefeito, governador, deputado federal ou estadual e agora tem
mais essa de conselheiro do Tribunal de Contas. Eu vou ficar aqui o tempo todo
que for necessário, feito mãe ralhando com filho.
Piauí, te alue, toma
prumo, te acorda! Parnaíba, te acorda! Piauí, calça os sapatos, anda mais
rápido, olha pra frente, acompanha os outros! Eu se necessário vou criar calo
na ponta dos dedos escrevendo todo santo dia sobre esta falta de compromissos
dos políticos piauienses com o nosso povo. Eu não vou cansar a língua enquanto
essa preguiça ou acanhamento dos nossos deputados federais e estaduais não
mudar.
A terceira situação é
ter lido num jornal de Fortaleza, no final de semana, que três empresas
espanholas, a Nobile, a Acqua Dinamics e a Happy Peixe estão prontinhas pra
abrirem negócios na minúscula cidade de Acaraú. A cidade tem 57.551 habitantes,
um terço da população de Parnaíba e fica entre Jijoca de Jericoacoara e
Itarema. A Nobile já apresentou pedido de infraestrutura e isenções fiscais. Produz
pranchas, pipas e outros equipamentos pra kitesurf. O investimento é de R$ 5,6
milhões e promessa de 150 empregos diretos. A outra, Acqua Dinamics, tem pra
investir R$ 7,9 milhões e promessa de 260 empregos diretos. Trabalha também com
material pra kitesurf, windsurfe, paraquedas, tendas e acessórios. As duas
empresas têm reservas de R$ 13,5 milhões para estes dois investimentos.
O estaleiro espanhol
Happy Peixe, com reserva de capital de R$ 110 milhões, fabrica barcos de pesca
e a expectativa é de que a produção alcance 400 unidades ao ano e gere 300
empregos diretos. Sobre a Parnaíba, o que conseguiu até agora foi pouco,
pouquíssimo de promessa na sua ZPE. E ao que parece de concreto até agora,
apenas uma empresa de call center com a fantasiosa promessa de três mil postos
de trabalho. Imagine. E sobre o Piauí, no Dia da Indústria, ao que deu pra
enxergar, apenas conversas sobre política.
Por Pádua Marques
Jornalista e Escritor