A
história da Petrobras pode ser contada em três grandes momentos: o primeiro o
da sua criação, o segundo quando se torna uma das maiores empresas do mundo e o
terceiro ao ser usada politicamente, servindo como instrumento do maior
escândalo de corrupção do país.
No embalo da campanha “O Petróleo é
Nosso”, inicia-se no país o primeiro grande momento da indústria de petróleo
brasileiro. Por meio da Lei nº 2004, de 3 de outubro de 1953, é criada a
Petróleo Brasileiro S/A - Petrobras. A empresa seria responsável pela
execução do monopólio estatal do petróleo para pesquisa, exploração, refino do
produto nacional e estrangeiro, transporte marítimo e sistema de dutos.
O
segundo momento, reflexo do processo de abertura econômica e de reforma do
Estado, começou em 1995 com a aprovação da Emenda Constitucional nº 5, que
permitiu a exploração por empresas privadas dos serviços locais de gás
canalizado. Com a promulgação da Lei nº 9.478/1997, a Lei do Petróleo, culminou
a definição do novo marco regulatório do setor.
Ao
longo de pouco mais de meio século, o Brasil foi considerado um país dotado de
poucas reservas e, portanto, condenado à condição de importador da commodity.
Atingiu a autossuficiência em 2006. E entrou para o seleto grupo de grande
produtores, depois da descoberta das expressivas reservas do pré-sal.
O
Brasil surpreende o mundo quando se torna um dos maiores produtores de
petróleo. A descoberta de um filão na área do pré-sal posiciona a empresa na
vanguarda da tecnologia de exploração em águas profundas, o know how é nosso.
O
terceiro momento mostra a empresa mergulhada na mais profunda e triste crise de
corrupção, a Petrobras vê seu patrimônio líquido evaporar. Mais que a perda dos
acionistas com a desvalorização no mercado financeiro está a desvalorização
ética e moral dos bandidos que promoveram tamanha pilantragem.
Parafraseando
o ex-presidente Lula “nunca na história desse país uma organização criminosa
cometeu tamanha operação de corrupção e com os estragos que ainda não estão
mensurados”. Ainda há muito por ser descoberto nas investigações em curso. O
certo é que PT e partidos aliados estão no centro do furacão como articuladores
da maior operação de corrupção de todos os tempos contra o estado brasileiro.
Não
se trata de uma simples roubalheira, o episódio que culminou com a “operação
lava a jato” da Polícia Federal está mostrando como uma organização criminosa
se instalou no país operando um esquema bilionário de corrupção com fins de
financiar o projeto político do PT e seus aliados.
O
ex-presidente Fernando Henrique Cardoso ao ser eleito e defender programas neoliberais
teve a hombridade de dizer “esqueçam os meus escritos”, uma célebre frase
lembrada até hoje ao se referenciar ao distanciamento da rica produção
científica dos seus ensaios sociológicos esquerdistas. Lula que
inconscientemente gosta de ser comparado a ele, pois vive emparelhando as ações
de cada governo, poderia dizer agora: “esqueçam os meus discursos” já que ele
não escreveu, mas verbalizou os sonhos de mudança social que os brasileiros
queriam para o país. Eles escreveram e falaram sobre um modelo governamental,
porém sendo eleitos mudaram demasiadamente. Ambos tinham um estilo próprio que
os levou ao mais alto cargo da nação, mas como presidentes se afastaram da
ideologia. Ideologia que, por certo, ajudou a conquistar a simpatia e o voto de
muitos brasileiros.
O
PT hoje se orgulha pela declaração de um delator do esquema que afirmou receber
propina desde 1997, ou seja também no governo FHC. “Viu como não somos só
nós!”, argumentava o próprio presidente nacional Rui Falcão. Esquece ele que
grave é o fato em si do delito, além do “requinte de crueldade” com que
aplicaram o golpe na sociedade brasileira. A expressão “Até tu Brutus” poderia
ser usada com o mesmo espanto frente ao envolvimento do PT. Outros partidos com
longa ficha criminal não nos espanta, mas o PT, criado sob a égide da ética e
moral política por que haveria de trair o povo brasileiro?
O
melhor que o PT poderia fazer neste momento seria uma “faxina” no partido, mas
não podem. Não podem porque o rumo das investigações leva a um esquema complexo
e institucionalizado de corrupção. Pois se um dos lançados ao fogo resolver
falar o que sabe, não se sabe o que vai dar! Não se trata de um simples desvio
para enriquecimento ilícito de uns canalhas, é na verdade, um projeto político
de poder de uma organização criminosa que se utilizou da manta da república
para instrumentalizar a rede delituosa.
Espera-se
que esta seja a “gota d’água” que faltava para transbordar o copo da corrupção
no Brasil. Que a sociedade e as instituições de fiscalização, controle e
justiça possam contribuir para um desfecho proporcional à dimensão do problema,
punindo rigorosamente a todos os implicados.
Finalizo
usando uma frase do Procurador-Geral da República Rodrigo Janot: “O Brasil se vê convulsionado por um
escândalo que, como um incêndio de largas proporções, consome a Petrobras e
produz chagas que corroem a probidade administrativa e as riquezas da nação”.
(*)
Fernando Gomes, sociólogo, eleitor, cidadão e contribuinte parnaibano.