Vereadores, técnicos em meio ambiente, representantes de órgãos e a população em geral estiveram na manhã desta quarta-feira (21/01) na Câmara Municipal de Parnaíba participando de uma audiência pública que discutiu a atual situação da Lagoa do Portinho que vem sofrendo um processo constante de assoreamento. O requerimento 003/2015 foi de autoria do vereador Carlson Pessoa (PSB).
Todos os convidados falaram da insatisfação em ver a lagoa na situação em que se encontra e cobraram medidas urgentes das autoridades. Mas segundo o superintendente da Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semar), Carlos Moura Fé, a problemática no Portinho é ocasionada devido ao fator climático. Para ele, são necessários três anos de inverno constante para que o nível da água se normalize.
“A Semar está procurando compreender todos esses fenômenos que provocaram essa situação atual da Lagoa do Portinho. No passado, já realizamos um trabalho de preservação no local, que foi a contenção das dunas, onde pudemos aprofundar o conhecimento sobre toda essa dinâmica que ocorre no litoral. Mas o nível da água na lagos só retornará ao normal se as chuvas superarem as médias históricas”, declarou o superintendente de meio ambiente da Semar, Carlos Moura Fé.
Ainda de acordo com o superintendente, medidas emergenciais serão tomadas visando salvar um dos principais pontos turísticos do Piauí, como: a criação de uma unidade de conservação; desenvolver projetos de comunicação e educação ambiental para conscientizar sobre todo o processo de ocupação e estabelecer rotinas de fiscalização permanente em toda a região sobre as ações e atividades humanas.
“Algumas saídas que foram propostas, como a transposição de bacias e aberturas de canais, precisam ser estudadas. Porque pelo fato de ser um ambiente independente e específico, qualquer alteração nessas características podem provocar outras alterações mais adversas para o meio ambiente, afetando a fauna, por exemplo. Dessa forma, não consideramos que isso seria uma solução, mas precisamos estudar e não descartar essas alternativas”, concluiu.
Recentemente, técnicos da Semar concluíram um relatório que aponta a falta de chuva como responsável pela a atual situação de seca que atinge a Lagoa do Portinho. De acordo com dados da secretaria, a lagoa abrange uma área de aproximadamente 5,62 km², estendendo-se para nove quilômetros de comprimento no sentido Norte-Sul, com largura variável entre 0,2 e 1,6 quilômetro. Ela também se estende pela zona rural dos municípios de Parnaíba e Luís Correia abrangendo os povoados Carpina, Gameleira, Portinho, Cearazinho e Santo Antônio.
Durante a audiência pública no legislativo parnaibano, estudantes e professores universitários também estiveram presentes, além de moradores da região afetada. O comerciante Aluísio Soares, dono de um restaurante na Lagoa do Portinho há quase 30 anos, afirma que “não adianta procurar culpados para o problema, e sim buscar soluções para ele”, disse.
Ainda de acordo com o relatório feito pela Semar, a lagoa é abastecida pelos rios Portinho e Marruás, assim como também, pelos riachos do Brandão, Braz, São Miguel e Mundo Novo. Com exceção do rio Portinho, todos os demais são intermitentes e nos período de estiagem apresentam o leito completamente seco. Segundo os técnicos da secretaria, uma fiscalização foi realizada nas propriedades que ficam no entorno da lagoa e nada foi constatado com relação à denúncia de represamento de riacho ou desvio de água. O vereador Carlson Pessoa aponta algumas alternativas.
“Não podemos ficar esperando só por São Pedro. Um dos problemas da lagoa também foi a estiagem de mais de quatro anos. Mas nós temos, diferentemente de muitas outras lagoas que foram citadas na audiência, três rios que abastecem a Lagoa do Portinho. Se nós temos a opção dos Tabuleiros Litorâneos, através de um canal, do Rio Portinho que durante a maré alta pode abastecer, aí sim é esperar São Pedro, porque o resto a natureza faz”, enfatizou Carlson Pessoa afirmando que esses projetos não custam muito se comparados com a grandiosidade da lagoa.
Segundo a Semar, a última cheia registrada que garantiu água para a Lagoa do Portinho foi em 2009, quando ela recebeu uma quantidade cinco vezes mais do que o esperado. Desde então, vem sendo constatado uma rigorosa estiagem. Para Carlson Pessoa, um dos principais cartões postais do Piauí, corre o sério risco de desaparecer. O espelho d’água da Lagoa do Portinho se transformou em lama ou até mesmo em chão rachado.
“Temos que desobstruir barragens, que existem sim e atrapalharam. Temos imagens de criatórios de peixe e camarão, uma coisa que é absurda e que contribuiu. Então temos que buscar onde está o foco do problema para tentar resolver. A audiência pública é pra isso. Um vereador não pode resolver, mas pode trazer a discursão visando achar as soluções”, enfatizou.
Por Kairo Amaral