Outubro nem acabou e já circula em grupos do WhatsApp uma mensagem sobre os feriados de 2015. Ao contrário do que aconteceu este ano, quase todas as datas serão no meio da semana, gerando expectativas nos trabalhadores quanto aos dias de descanso. No Rio, serão nada menos que 11 feriadões — fora carnaval e Semana Santa, já tradicionais.
A avalanche de feriados, no entanto, divide a economia do país. Se, por um lado, setores ligados ao turismo lucram mais, por outro, o comércio sofre grandes perdas. O Clube de Diretores Lojistas do Rio (CDL-Rio) estima que, num único feriado de meio de semana, o comércio da capital fluminense deixa de faturar cerca de R$ 370 milhões.
Aldo Gonçalves, que preside o CDL e também o Sindicato dos Lojistas do Comércio do Município do Rio de Janeiro (Sindilojas Rio) explica que a entidade tem um convênio com o sindicato dos empregados do comércio, que prevê a abertura das lojas em feriados. Muitas vezes, porém, não compensaria abrir os estabelecimentos nessas datas, pois o empresário tem custos, mas não tem clientela.
— O feriadão só é bom para o pessoal do turismo: restaurantes, hotéis... Porque o Rio atrai muita gente. Mas, de um modo geral, é sempre perda de vendas.
A empresária Sabina Sommer, de 63 anos, ficou estarrecida ao saber da quantidade de feriados em dias que seriam úteis no ano que vem.
— Os feriados teriam que ser jogados para os fins de semana, para o país andar. Eles significam que o funcionário público não trabalha, que todo escritório e consultório médico fecha... Com isso, não tenho como abrir (a loja) — diz a dona da loja Camisa Expressa, no Centro do Rio.
O motivo dela é o da felicidade do ambulante Raimundo Oliveira, de 44 anos, que vende cangas e chapéus na Praia de Copacabana:
— As vendas aumentam uns 30% nos feriados, porque vem muita gente do interior do Espírito Santo, de Minas, da Bahia...
Enquanto Raimundo comemora a chegada de pessoas à cidade, os funcionários da agência da CVC do Centro vibram com a saída.
— Quando os feriados caem na terça ou na quinta-feira, as pessoas costumam emendar, o que acaba facilitando para as viagens. Os destinos mais procurados são Natal, Porto Seguro, Foz do Iguaçu, Balneário Camboriú e São Paulo — conta a gerente Valdinisia Aquino.
O secretário de Turismo do Rio, Antonio Pedro de Mello, tenta resolver essa equação:
— Trabalhamos para tornar essas datas mais atrativas entre cariocas e minimizar o impacto negativo no comércio.
— Para a gente que é do comércio, quanto menos feriados houver, melhor. Porque o movimento cai bastante, principalmente aqui no Centro (do Rio). Em alguns bairros, as lojas funcionam. Mas aqui, não. Como as pessoas não vêm ao trabalho, o movimento cai. Com esses feriados, a queda nas vendas, durante os dias que são enforcados, chega a ser de cerca de 60% — afirma Danielle Passos, de 32 anos, dona da loja “As Cariocas Fashion“.