Solinan Barbosa/HGV271 pessoas estão na lista de espera por um transplante de rim no Piauí
Há sete anos, o carpinteiro José Luís Gomes, 54 anos, morador do bairro Promorar, zona Sul de Teresina, aguardava ansiosamente por um transplante renal. No dia 2 de julho, a ansiedade deu lugar à alegria e esperança . Naquela data, ele foi submetido a um transplante no Hospital Getúlio Vargas (HGV), único no Piauí que, atualmente, realiza captação e transplante de rim.
Vítima de doença renal crônica, José Luís era obrigado a passar por três sessões semanais de hemodiálise, um tipo de tratamento que substitui a função dos rins quando eles deixam de funcionar. Nos próximos três meses, José Luís terá de usar uma máscara. Mas, por baixo dela, ele exibe um sorriso de satisfação. "Terei uma vida com mais qualidade, sem a necessidade do auxílio de uma máquina para continuar vivendo", comemora José Luís.
Segundo dados da Central Estadual de Regulação de Transplantes, 271 pessoas estão na lista de espera por um transplante de rim no Piauí. Os casos são decorrentes da chamada doença renal crônica (DRC). Uma doença silenciosa, caracterizada pela perda progressiva e irreversível da função dos rins. As opções de tratamento são a hemodiálise, diálise peritoneal e o transplante renal.
No Brasil, assim como no resto do mundo, os dois principais fatores causadores da doença renal crônica são o diabetes e a hipertensão arterial. Quando associadas, em um mesmo indivíduo, o risco de desenvolver a DRC é ainda maior. As medidas primordiais para a prevenção são o controle do diabetes e da pressão arterial.
De acordo com a médica nefrologista e membro da equipe de transplante renal do HGV, Celina Castelo Branco, no Brasil, a hipertensão arterial é a principal causa da doença. "O Governo brasileiro, através do Ministério da Saúde (MS), adotou uma política de prevenção e combate à doença renal crônica, considerada um caso de saúde pública", enfatiza.
Em relação a outros fatores que provocam a doença, a nefrologista explica que a prevenção é mais difícil, pois a DRC não apresenta características clínicas evidentes e que, normalmente, elas aparecem de forma tardia. Nesses casos, o diagnóstico precoce é a principal forma de prevenção. Daí, a importância de se procurar um médico e realizar, periodicamente, exames laboratoriais como a creatinina, importante indicador das condições dos rins. Sobretudo, os indivíduos que apresentam fatores de risco: diabetes, pressão alta e pessoas com histórico familiar de doença renal.
Apesar da doença renal crônica não apresentar muitos sintomas, é importante conhecer alguns sinais que podem estar relacionados a ela, tais como fraqueza, cansaço, inchaço nos olhos, pés e tornozelos, urinar com maior frequência durante a noite; sangue na urina, falta de apetite e náuseas e vômitos na fase mais avançada da doença.
Quanto às formas de tratamento, a médica diz que os melhores resultados são obtidos com o transplante. "O transplante não significa a cura, mas sim uma excelente forma de tratamento, que propicia ao paciente ter uma melhor qualidade de vida. Porém, o transplantado precisa tomar medicamentos continuamente, principalmente nos primeiros seis meses após o procedimento, para controlar a imunidade e evitar a rejeição. Além disso, deve visitar um nefrologista periodicamente, durante toda a vida", pontua.
A profissional chama a atenção para o fato de que nem toda pessoa que tem DRC está apta a receber um transplante renal. "Para passar por um transplante, o paciente precisa está clinicamente estável; com anemia, pressão arterial, diabetes e doença cardíaca, caso apresente, controlados. Pois ele será submetido a uma cirurgia com anestesia geral, onde existem as complicações inerentes ao procedimento", finaliza.
Por Solinan Barbosa