O Supremo Tribunal Federal (STF) tornou réu por homicídio culposo e prevaricação o senador piauiense Wellington Dias, no caso do estouro da barragem Algodões, acontecido em 2009, onde morreram nove pessoas, na cidade de Cocal, região 265 km ao Norte do estado. Na ocasião, o petista era governador do estado, cargo que disputa pela terceira vez em 2014.
O caso chegou ao Supremo no ano de 2011, após o petista ser diplomado senador. O ex-procurador-geral da República Roberto Gurgel enviou parecer ao STF pedindo a reautuação do inquérito como ação penal com o argumento de que antes mesmo da eleição do petista para o Senado, em junho de 2010, a Vara Única da Comarca de Cocal (PI) havia recebido a denúncia contra ele. Ou seja, ele já era réu antes da diplomação.
Na mesma ação também são réus a ex-presidente da Emgerpi, Lucile de Souza Moura, e o engenheiro Luiz Hernani de Carvalho. Celso de Mello também pediu para ouvir as testemunhas envolvidas na ação penal.
Em nota no seu site, na época que o STF recebeu a denúncia, Wellington afirmou não haver responsáveis pela fatalidade que matou ‘oito’ pessoas, "que ocorreu em virtude das fortes chuvas que assolaram aquela região", consta da explicação, que completa: "O Governo do Estado adotou todas as medidas necessárias para que não ocorresse o rompimento da barragem".
DENÚNCIA
A acusação do ministério público aponta que W. Dias ‘imprudentemente’ autorizou que as famílias fossem remanejadas para seus locais de origem, mesmo sabendo do risco de rompimento da barragem. Milhares de famílias haviam sido transferidas do local por ordem judicial.
A acusação do ministério público aponta que W. Dias ‘imprudentemente’ autorizou que as famílias fossem remanejadas para seus locais de origem, mesmo sabendo do risco de rompimento da barragem. Milhares de famílias haviam sido transferidas do local por ordem judicial.
O ministério Público destaca também que seis dias após autorizar a volta das famílias para as proximidades da barragem, a mesma veio a romper. No ‘dilúvio’, nove pessoas morreram, entre elas, uma criança de 1 ano e três meses, e uma idosa de 73 anos de idade.
ENTENDA O CASOA barragem de Algodões que segura o rio Pirangi fica próximo à divisa entre os Estados do Ceará e Piauí fica localizada no povoado de Algodões (daí o nome dado à barragem).
Orompimento ocorreu precisamente às 16h10 do dia 27 de maio de 2009. As águas invadiram os povoados localizados ao redor da barragem, destruíram tudo que havia pela frente, vitimando nove pessoas e mais de 30 mil animais mortos.
O Governo do Estado, considerado pela Justiça como o responsável pelo ocorrido, foi condenado a pagar a liminar de alimentos correspondente a R$ 60,00 por mês por pessoa adulta da família. Valor muito pequeno visto as grandes perdas nas famílias.
GOVERNADOR ASSUMIU A RESPONSABILIDADE O governador Wellington Dias, após o rompimento a barragem, foi duas vezes a Cocal, para tentar explicar o inexplicável. Ele disse que rompimento da barragem foi uma catástrofe que não tinha engenheiro e nem meteorologista nenhum que pudesse prevê ou evitar. Diz que foi algo inevitável e que a quantidade de chuvas na região foi acima do normal.
"Acho que é hora do Brasil e do mundo inteiro repensar no que houve. As coisas estão mudando. A natureza está dando suas respostas e nós precisamos nos mobilizar. Podem investigar. Eu quero é que descubram mesmo como tudo aconteceu. Mas acho que o momento não é de apontar culpados. Não culpo a Deus e nem ninguém. Se há alguém que esteve à frente de tudo, este sou eu. Tudo que fizemos, faríamos novamente, pois não poderíamos prever tanta chuva na região. As medidas que eu tomei, eu tomava de novo assim como tomamos a decisão de que retornassem às suas casas as famílias desabrigadas em outros 45 municípios atingidos por enchentes no Piauí", disse o então governador.
Publicado Por: Manoel José