Quatro anos se passaram e as vítimas continuaram amargando o desconforto material e psicológico causado pela tragédia. A Barragem do Algodões foi uma obra construída no governo Mão Santa para possibilitar a sobrevivência de milhares de pessoas que residiam e trabalhavam às margens do rio Pirangi. Uma grande obra, analisada pelo ponto de vista técnico e social. Como toda barragem, precisava de manutenção por parte do órgão responsável, no caso o governo estadual.
Os moradores preocupados com a omissão do governo Wellington Dias, que deixou a barragem abandonada, informaram à Emgerpi do risco do rompimento. Com medo, as famílias abandonaram o local, mas mesmo com as fortes chuvas de maio, o governo estadual orientou os moradores a voltarem para suas casas, afirmando não haver nenhum perigo da barragem romper. A ABAVA lembra que havia na mesma ocasião, ordem judicial determinando o afastamento das famílias em todos os povoados.
Moradores falam na audiência
Os moradores acreditaram na Emgerpi, retornaram para as suas residências e logo depois aconteceu a grande catástrofe que vitimou famílias residentes em Cocal e Buriti dos Lopes.
Após 4 anos as famílias que perderam tudo o que tinham, inclusive entes queridos, são vítimas também do descaso do Estado, que além de não indenizá-los com justiça, piorou a situação afastando os moradores das terras que possuíam, alojando-os precariamente em agrovilas que não tem a menor infraestrutura. Lá falta água, calçamento, estrada e área para plantio e criação de animais.
Não se pode esquecer que as vítimas são pessoas trabalhadoras que viviam da agricultura e da pecuária e hoje não tem como sobreviver.
A professora Verônica Brito, vítima de Algodões, falou que “temos que começar tudo de novo, reaprender a viver, perdemos tudo. Temos que guardar os sentimentos, as dores e trabalhar muito. O governo nos deu crédito em lojas no valor de 5 mil Reais e 60 Reais por mês, o que é muito irrisório e ainda atrasa, estamos aguardando as indenizações, queremos a recuperação da terra para que volte a ser agricultável.”
Corsino Ribeiro – Presidente da associação das vitimas da barragem de algodões
O presidente da Associação das Vitimas, Sr. Corsino Ribeiro, disse que a barragem vai ser construída sobre uma terra arrasada que não produz mais nada. O edital de licitação não leva em conta a situação das pessoas que lá moravam, tudo foi destruído, mata ciliar, vidas humanas e nada foi feito.
O novo prefeito de Cocal, Rubens Vieira, foi enfático em afirmar que a reconstrução da barragem é um sonho da população de Cocal, o rompimento foi uma das maiores tragédias acontecidas não só em Cocal, mas no Brasil, porém, as vitimas ainda não foram indenizadas pelo governo.
Prefeito Rubens Vieira
“A nova barragem vai melhorar a vida das pessoas. Até agora não foi feito nada pela as famílias, só as agrovilas que de ‘agro’ não tem nada. É uma vila sem água e sem a mínima estrutura. As casas são casebres, que não cabem mais que duas pessoas. Ainda hoje eles estão sofrendo por falta de amparo do governo do Estado. Espero que na reconstrução, as vítimas sejam absorvidas como mão de obra” proferiu o prefeito Rubens.
Segundo o promotor Túlio Ciarline, o Ministério Público ajuizou ações contra o Estado que encontra-se em tramitação.
A Audiência Pública realizada ontem, teve o objetivo de clamar por justiça e reivindicar ao Estado a responsabilidade com o meio ambiente, a justa indenização às vítimas, áreas produtivas, crédito com assistência técnica para poderem resgatar a dignidade e a identidade da agricultura familiar.Fonte: Portal do Delta