1 de dez. de 2025

MPPI aciona Justiça contra leis do Estado e de cinco cidades por ilegalidades


O Ministério Público do Estado do Piauí (MPPI) ingressou com nove Ações Diretas de Inconstitucionalidade (ADIs) no Tribunal de Justiça do Piauí para questionar leis aprovadas pelo governo estadual e pelas prefeituras de Arraial, Bom Princípio, Cajueiro da Praia, Demerval Lobão e Regeneração.

Segundo a Procuradoria-Geral de Justiça (PGJ), as normas representam riscos ao funcionamento da administração pública, prejudicam a transparência, violam princípios constitucionais e afetam carreiras de servidores. A PGJ afirma que as ações têm caráter preventivo e buscam evitar prejuízos ao erário e assegurar que o serviço público funcione de forma legal e eficiente.

Lei estadual sobre carreira ambiental é contestada

A única ADI contra o Estado do Piauí questiona a Lei Estadual nº 8.673/2025, que transformou o cargo de Auditor Fiscal Ambiental em Analista Governamental – Auditor Ambiental.

Para o MPPI, a mudança altera a estrutura da carreira sem observar garantias previstas na Constituição Estadual, podendo modificar atribuições e requisitos de forma indevida. A ação também contesta o decreto que autorizou o reenquadramento dos servidores, apontando possível violação aos princípios da legalidade e da segurança jurídica.

Arraial criou cargos comissionados para funções técnicas, diz MP

Quatro das ações têm como alvo o município de Arraial.

  • Lei nº 321/2023 – Criou dezenas de cargos comissionados na Secretaria Municipal de Educação, como secretários escolares, coordenadores e assessores. O MPPI afirma que as funções são técnicas e permanentes, e deveriam ser preenchidas por concurso público.
  • Lei nº 332/2023 – Reorganizou a administração municipal e ampliou cargos comissionados ligados a atividades burocráticas. Para a PGJ, essas tarefas não justificam nomeações de livre escolha.
  • Lei nº 351/2025 – Criou novos cargos comissionados na educação, entre eles agentes de serviços escolares e secretários adjuntos. O Ministério Público entende que são funções operacionais e, por isso, devem ser ocupadas por servidores efetivos.
  • Emenda nº 06/2020 à Lei Orgânica – Alterou o artigo 26 e obrigou a Câmara Municipal a publicar uma extensa lista de documentos. Para a PGJ, embora a transparência seja essencial, as exigências foram impostas de maneira desproporcional e incompatível com a legislação.

Bom Princípio: parcelamento previdenciário desrespeita regras federais

ADI referente ao município de Bom Princípio questiona a Lei nº 178/2023, que autorizou o parcelamento de dívidas previdenciárias do município com o Regime Próprio de Previdência Social (RPPS).

De acordo com o MPPI, o parcelamento não observou normas federais e pode comprometer o equilíbrio financeiro do fundo previdenciário, afetando a segurança de aposentadorias e pensões de servidores.

Cajueiro da Praia restringiu licenças sindicais, afirma MPPI

Em Cajueiro da Praia, o MP questiona a Lei nº 494/2024, que endureceu regras para a liberação de servidores que exercem funções sindicais.

A norma reduziu o número de servidores liberados, limitou prorrogações e autorizou a revisão de licenças já concedidas. Para o Ministério Público, as medidas interferem no exercício da liberdade sindical, direito garantido pela Constituição Federal.

Demerval Lobão criou regras inconstitucionais sobre vagas para pessoas com deficiência

ADI contra Demerval Lobão contesta a Lei nº 760/2025, que alterou normas relacionadas à reserva de vagas para pessoas com deficiência em concursos municipais.

Segundo a PGJ, o município estabeleceu percentuais e critérios que extrapolam sua competência e contrariaram regras federais e constitucionais já existentes.

Regeneração criou mais de 200 cargos comissionados na educação

A última ação apresentada pelo MPPI contesta a Lei nº 1.047/2025, do município de Regeneração, que criou 211 cargos comissionados na área da educação, sendo 210 deles funções de natureza técnica e permanente.

Para o Ministério Público, a medida prejudica a profissionalização do serviço público e impacta diretamente a qualidade dos serviços educacionais oferecidos à população.

As ações seguem para julgamento no Tribunal de Justiça do Piauí, que vai analisar cada caso e decidir se as leis continuarão valendo ou se serão declaradas inconstitucionais.

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