30 de set. de 2023

A política brasileira numa perspectiva estética – Parte 1

Prof. Dr. Geraldo Filho – UFDPar (29/09/23)


O grande teórico conservador inglês, falecido em 2020, Sir Roger Scruton, dedicou parte do trabalho intelectual a análise da decadência estética do mundo ocidental, perpetrada por aqueles que se intitulam modernistas ou pós-modernistas (sabe se lá o que isso significa!), atingindo a arquitetura, a música, as artes plásticas e a literatura, ou seja, tudo aquilo que deve inspirar no humano sensação de bem-estar, de beleza e de justiça.

 

Na medida em que me aprofundo em sua obra, que vai dos anos 80 até 2019, mais identifico nos livros e artigos, voltados para a Inglaterra, a Europa e os Estados Unidos, o Brasil das últimas décadas. É verdade que o país sempre viveu sob a influência civilizatória da Europa e dos Estados Unidos, afinal é o resultado da expansão portuguesa, mas o que chama a atenção é a facilidade com a qual aqui se repete o que de pior acontece com a matriz civilizatória ocidental. Nelson Rodrigues chamou a isso de “complexo de vira-latas”, traduzindo a mania dos brasileiros de buscarem a aprovação dos estrangeiros copiando seus comportamentos, inclusive os vícios.

 

A estética se orienta por três questões que devem ser respondidas: sobre o bom, o belo e o justo! Elas devem ser feitas às diversas dimensões da vida, portanto ela não se restringe às artes em geral. Por isso ela anda de lado com a ética. Como costumo dizer em aula: toda ética (um caminho existencial guiado pelas noções do bem e do mau) pressupõe uma estética (que é a recompensa e o consolo para as durezas que as escolhas éticas impõem ao humano).

 

Como sugere o título farei as três questões à dimensão política da vida brasileira, neste perguntarei sobre a qualidade (o bom). Deixarei para outros artigos inquirir sobre a beleza (o belo) e a justiça (o justo) da política, das artes e comportamento, porém não me furtarei de antecipar que o diagnóstico é péssimo!

 

Com efeito, vivendo no Brasil de 2023, pergunto sobre a qualidade das instituições e personagens que compõem a estrutura política nacional, na forma de três poderes estabelecidos, com funções específicas, que deveria em tese coordenar e equilibrar os interesses de grupos e de vontades individuais, de modo que a vida fosse razoavelmente satisfatória para os brasileiros. A resposta não é boa!

 

O que se assiste é o agravamento de um mau que vem, como um câncer em metástase, se alastrando há décadas: a ausência do sentimento de amor ao território no qual se nasce, que quando é sentido na alma se torna patriotismo! O patriotismo quando guia as decisões políticas refreia os interesses egoístas e imediatistas dos grupos e de indivíduos, deixando transparecer o zelo pelo bem maior da população e da defesa das gerações que virão.

 

As características da formação histórica do país dificultaram o afloramento dessa emoção, que é comum a todos os seres, pois é instintiva: a territorialidade! As imensas distâncias dentro do Brasil forjaram ao longo da história grupos humanos localistas, autossuficientes, quase feudais, segundo Francisco de Oliveira Vianna. As oportunidades de forjar um espírito de nacionalidade responsável e guerreira, principalmente no Brasil Imperial, com as Guerras de Independência; a Guerra do Paraguai; as guerras contra movimentos separatistas republicanos não foram bem aproveitadas pelas lideranças políticas do Império.

 

A República destruiu de vez a possibilidade da emergência de uma consciência nacional ao recrudescer, a partir de 1889, os interesses localistas dos estados (antigas províncias do Império), dominados por oligarquias parentais e de clientela que se apossaram dos partidos políticos, prática que se repete por toda a história republicana. É uma ilusão imaginar que os partidos representam, no Brasil, correntes de opinião de parcelas da população, tão pouco o sentimento nacional. Politicamente o Brasil é um fantasma do Período Colonial perdido no século XXI!

 

A dificuldade de nascimento do espírito de nacionalidade foi agravada em seguida pela disseminação de outro mau: a ideologia comunista (marxismo)! O marxismo tem como uma das estratégias de propagação pelas sociedades o “internacionalismo”, de modo simples, a procura de minimizar as questões e as características que afetam as populações nacionais em favor do que ele acredita unificar todos os povos: a crítica radical do capitalismo, a defesa intransigente do ambientalismo e a promoção de pautas identitárias (racismo, feminismo, etc.). Desde 1922 esse mau se espalha pelo país, com a fundação do Partido Comunista.

 

Esta é a razão pela qual Luiz Carlos Prestes, histórico líder comunista, ao ser perguntado sobre se o Brasil entrasse em guerra com a União Soviética (patrocinadora dos partidos comunistas pelo mundo) por quem ele lutaria, a resposta é a expressão máxima de um antipatriota: pela União Soviética (Rússia, atualmente)!

 

A mentalidade antinacional de Prestes se reproduz em tipos como Marina Silva e Lula. A primeira, travestida de ambientalista internacional (“vira-latismo”), à frente do Ministério do Meio-Ambiente, impede a rápida transformação do Brasil numa potência econômica petrolífera, criando entraves para a Petrobrás explorar as ricas resevas de óleo e gás da Bacia Amazônica, com o lenga-lenga esquerdista de proteção do rio e da floresta! Tolice! A Petrobrás tem larga experiência técnica em exploração sustentável. A Guiana Francesa, também amazônica, vem explorando suas reservas e é um dos países que mais cresce o PIB nos últimos anos. Resta perguntar: a quem essa senhora representa?! Certamente não são os brasileiros, em especial os da região amazônica!

 

O segundo, na ONU, em mais um discurso no qual ninguém acredita (ele próprio, em vídeo famoso, disponível no Youtube, confessou que saía pelo mundo contando mentiras sobre o Brasil!), disse que venceu o “nacionalismo primitivo” que vicejava no Brasil e existe em outros países.

Mas, o que é o nacionalismo?! O nacionalismo é a manifestação estendida para todo o território nacional do sentimento de integridade do corpo individual. O corpo do humano deve ser naturalmente e juridicamente inviolável contra qualquer violência! Instintivamente há um espaço circular imaginário em torno de cada individuo, com um raio em média de 0,5 metro, que se alguém avançar sem permissão constituirá ato agressivo ou de intimidação! Apenas com aqueles que se têm relações amistosas ou amorosas é permitido adentrar esse espaço.

Portanto, o sentimento de integridade do corpo é instintivo, é biológico, compartilhado com os outros seres. É primitivo porque nasce com o humano, e vai evoluindo gradualmente, conforme o amadurecimento da consciência de pertencimento a uma família, a um lugar e a um país para o sentimento de defesa da territorialidade próprio de cada uma dessas instâncias; de defesa das pessoas a quem ele ama; de defesa de sua propriedade!

Dizer que venceu o “nacionalismo primitivo” camufla a estratégia comunista (marxista) de destruir a família (laços dos pais com filhos, que sedimentam a lealdade familiar quando tecidos pelo afeto); destruir os vínculos dos indivíduos com sua terra natal (o patriotismo) e sua propriedade com o objetivo de promover o que se chama globalismo, ou seja, o pesadelo comunista fantasiado de um mundo igualitário (Atenção: não confundir com globalização, que é a integração econômica feita pelos mercados!)

Um pesadelo não é bom, esteticamente é horroroso e não faz bem, no entanto, a estrutura política do Brasil de 2023 encena o drama de um pesadelo comunista fora de moda, cujos protagonistas lembram um sátiro velho libidinoso cuja companheira, uma ninfa passada em anos, adora esbanjar; no cortejo os acompanham a “Vovó” da Família Dinossauro, mas pode ser o ET! Morrendo de alegria vêm as ONGs, que patrocinadas pelos concorrentes do Brasil na produção de energia, mineração, fármacos e agronegócio comemoram seu objetivo: impedir que o país se torne uma grande potência econômica e militar, permanecendo estagnado, numa espécie de jardim zoológico para europeus e americanos fazerem turismo e jogarem bananas para os macacos, todos pobres, porém politicamente corretos!

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