Lenda Escrava Luminosa tem origem em Barras, no Piauí — Ilustração: Douglas Viana
Muito tempo atrás, ainda nos dias em que negros eram propriedade de pessoas de cor branca, havia na região em que fica a atual cidade de Barras, Piauí, um fazendeiro muito ruim, detentor de um sem-número de escravos. Ao menor deslize, seus escravos eram punidos com rigorosas chicotadas e, em seguida eram levados para uma ilha que existia no rio Maratoan, onde os deixavam isolados e com pouca comida, de forma que muitos deles morriam abandonados naquele local.
Não só o fazendeiro era mau. Sua esposa era monstruosa: tinha como diversão castigar escravos. Como ela e seu esposo não viviam bem, não aceitava que ninguém falasse mal dela para o marido.
Um dia, uma escrava cometeu a besteira de contar para o fazendeiro que a mulher tinha feito algo inadequado, o que levou a uma briga entre o casal. Revoltada, a mulher chamou a escrava.
Quando esta veio, a senhora mandou que os outros escravos lhe cortassem um pedaço da língua e, em seguida, ordenou que a jogassem na ilha.
O ferimento na boca da negra infeccionou a tal ponto que a escrava morreu. Desde então, um vulto feminino passou a ser visto na escuridão da noite soltando uma forte luz pela boca sempre que alguém se aproximava.
Apavorados com a aparição, os escravos explicaram ao fazendeiro e à sua esposa que o espírito da negra estava assombrando pessoas pelas estradas da fazenda no breu noturno.
Os donos da fazenda, contudo não acreditaram: tal idéia era absurda, afinal escravos não possuíam alma. Afinal, como uma casca vazia, um animal, poderia ter um espírito? A ordem foi para que quem comentasse o assunto, repetindo tal história, fosse castigado.
Certa noite, a sinhá teve que sair e, no meio do caminho, eis que o impossível surge à sua frente: a escrava lhe apareceu, iluminando tudo em frente à carroça a ponto de doer a vista.
O susto e o medo foram tamanhos que a mulher perdeu o juízo. Não dormia mais: todas as noites tinha pesadelos com a escrava e sua boca cheia de luz. Com o tempo, seu corpo começou a desfalecer, pois já nem comia. Ficou tão fraca que nem conseguia mais falar.
Segundo contam, após a sua morte, a escrava luminosa não mais apareceu, de modo que a fazenda voltou a viver em paz. Há, contudo, quem diga que sempre que houver alguém com maldade no coração que venha a maltratar um negro , este será punido pela escrava luminosa.
Fonte: portalentretextos.com.br l Edição: Jornal da Parnaíba
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