30 de dez. de 2017

"Não perdemos a esperança", diz irmã de piauiense desaparecido há 12 dias no mar do RJ

Foto: Reprodução/ Facebook
Francisco Filho estava na Marinha há quase dois anos
Doze dias após o sumiço do piauiense Francisco Filho, 23 anos, que caiu em alto mar no Rio de Janeiro, a família ainda não sabe o que de fato aconteceu. As buscas foram encerraradas no fim de semana e os familiares retornaram ao Piauí sem notícias. O Réveillon que seria marcado por uma confraternização entre amigos no litoral piauiense deve ser marcado pela espera do ente querido. 
"Estamos inconformados com toda a situação. É uma falta de responsabilidade não comunicarem o que aconteceu com meu irmão. Os tripulantes só deram falta dele cerca de 45 minutos após o sumiço. Procuraram ele na embarcação e não acharam. Quando viram o equipamento dele ligado emitiram o alerta de 'homem ao mar'. Ainda hoje não nos deram explicação do que ocorreu, se ele caiu consciente ou desacordado... isso no revolta. Estamos inconformados. As buscas foram suspensas, mas não justificadas", desaba a engenheira agrônoma, irmã de Francisco.
Ela e os pais foram comunicados do desaparecimento na noite da segunda -feira (18).  Francisco Filho era contratado pela empresa Bravante, que presta serviço para a Petrobras, onde o jovem trabalhava  há quase anos. As passagens aéreas e a hospedagem da família ao Rio para acompanhar as buscas foram pagas pela empresa. 
"A gente foi informado à noite por uma pessoa da empresa que ligou e comunicou o ocorrido. Pegamos nossas coisas, duas mudas de roupa e viajamos. A empresa nos deu toda a assistência, disponibilizaram auxílio psicológico nesse primeiro momento", conta Taline. 
Contudo, o que a família mais queria não obteve: informações concretas. 
"As únicas informações que nos passaram é que ele estava desaparecido em alto mar e que havia caído da embarcação Mar Limpo III quando estava no passadiço. Nos informaram também que as buscas estavam sendo realizadas, inclusive com o helicóptero. A insatisfação e descontentamento da família é em relação a falta de informações concretas sobre o desaparecimento", desabafa a irmã que acompanhou as buscas à distância por questões de segurança. 
Segundo Taline Cunha, a empresa não repassou detalhes da ocorrência. A família só teve mais informações ao se dirigir ao 1º Distrito Naval da Marinha, no Rio de Janeiro. 
"A Marinha só faz buscas de acordo com as informações repassadas ao órgão. Não é competência da Marinha dizer se alguém morreu ou não. A empresa só nos deu informações superficiais", reitera. 
Do local onde Francisco Filho desapareceu até a costa do litoral de Macaé eram mais de 100 km de mar a dentro, uma média de 7 a 8 horas de navegação. 
Piauiense alertava amigos sobre o uso de EPIs
Taline Cunha não responsabiliza ninguém sobre o ocorrido. Ela diz que o irmão era altamente capacitado, conhecia as regras de segurança e costumava usar os Equipamentos de Proteção Individual (EPIs).
Piauiense trabalhava em embarcação semelhante
"Não posso dizer quem tem culpa. O que posso falar é que meu irmão era extramamente responsável e no momento do acidente estava usando os EPIs. Ele sabia o que tinha que fazer. Era tão consciente que ficou responsável por alertar os demais companheiros a não deixarem de usar os EPIs. Ele sabia que era um trabalho de risco e precisa dos equipamentos".
Diário de bordo
A família disse ainda ao Cidadeverde.com que não teve acesso ao diário de bordo da embarcação que contém informações sobre os tripulantes. 
"Antes de embarcar tudo é escrito e registrado no diário de bordo. Quem faz as anotações é o comandante da tripulação. A empresa disse que não podia repassar o que foi registrado porque fazia parte do inquérito policial", disse Taline Cunha.
Família não perde a esperança de reencontrá-lo
Pelas redes sociais, amigos e familiares de Francisco Filho tentam minimizar suas angústias. Taline Cunha fez um longo desabafo no Facebook relembrando momentos marcantes na vida dela e do irmão. A postagem foi feita no dia em que o piauiense deveria voltar para o Piauí para a festa de fim de ano. 
"Ele morava com os amigos no Rio de Janeiro, mas todo mês vinha nos visitar. Planejamos de passar o Réveillon todos juntos na casa de uma amigo em Parnaíba-PI e depois a gente ia para Fortaleza-CE. Lembro do meu irmão todo dia... do abraço que dei antes dele viajar e dele dizendo que era para eu cuidar de tudo até ele voltar", relembra. 
Francisco Filho trabalhava como moço de convés e se tornaria  marinheiro em fevereiro de 2018, mesma data em que completaria mais um ano de vida. 
"Quando ele entrou para a Marinha foi uma festa. Meu irmão chegou dizendo que tinha um presente para dar para minha mãe, que o aniversário era dele, mas quem ia ganhar o presente era a gente devido a conquista dele. Então nos contou que tinha entrado para a Marinha. Ele tinha muitos sonhos...estava noivo, pretendia casar e ter um filho", relembrou Taline.
Última foto de Francisco Filho com a mãe antes do acidente
A engenheira agrônoma diz que, tecnicamente, as chances do irmão ter sobrevivido ao acidente são mínimas. Porém, os familiares não perdem a esperança. 
"Faz doze dias que ele está desaparecido e se levar em consideração todos os fatores técnicos em relação ao acidente, por ainda não termos resposta concreta, as chances são poucas e isso quem fala são os especialistas. Mesmo assim, o sentimento da família é de que ele ainda seja encontrado com vida. A família está muito abalada, mas não perdemos a esperança", acrescenta a irmã.
Pelas redes sociais, amigos se mobilizam em uma campanha com as hashtags #CadêoFilho? #Queremosumaresposta #FranciscoFilho para que o caso não fique sem uma resposta. Apesar das buscas terem sido encerradas oficilamente, equipes ainda estão em alerta na área. 

Graciane Sousa
gracianesousa@cidadeverde.com

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