2 de mai. de 2017

Mudança é a ordem do dia: se você não mudar, nada muda!


Por:Fernando Gomes(*)
O país ferve! Impeachment, reformas, greves, escândalos de corrupção, delações... Mudanças à vista! O Brasil, pós-impeachment e seus desdobramentos, já não será mais o mesmo. A única paralisia percebida está na conduta política dos nossos representantes que teimam em permanecer estáticos ao movimento de mudança que ocorre em todo o mundo e, em especial aqui!
A recente "greve geral" é a abominável conclusão de como os interesses subterrâneos do poder manipula as massas. O "ponto no i" é o longo e gradativo processo de colonização ideológica, política e econômica das Centrais Sindicais que foram às ruas, objetivamente, temendo perder a contribuição dos filiados. Há proposta de extinção da obrigatoriedade da contribuição sindical pela reforma trabalhista.
Ressalta-se a legitimidade da luta em defesa dos direitos sociais, mas não é o interesse do trabalhador brasileiro que foi pra pauta. A despeito da importância de se organizar a classe trabalhadora para não se deixar enganar pelos atuais gestores do país é um fato que merece uma séria discussão, mas ao mesmo tempo que, não se caia na ingenuidade de atribuir a um plano politiqueiro dos partidos que estiveram no poder até outro dia e governaram esse país por 13 anos, tendo a oportunidade de fazer valer a política séria com participação e controle social, defesa do bem-estar coletivo, mas que meteram os pés pelas mãos. Fizeram, em muitos casos, o contrário de tudo aquilo que denunciaram e defenderam. É fato!
Se hoje o país vai mal conduzido, sem dúvida a culpa é também, em boa medida, dos partidos que permitiram que os atuais gestores chegassem ao poder. Michel Temer foi escolhido por duas vezes para ser vice de Dilma Rousseff, de tão bom que era. O “eu não me sinto representado” fornece elementos que põem em xeque o momento que vive a democracia brasileira. Os partidos vivem uma crise, onde as mais diferentes matizes ideológicas se nivelaram por baixo.
Ética e corrupção são faces de uma mesma moeda, não há um país no mundo em que seus líderes sejam corruptos e não seja, ao menos condescendente o seu povo. Em muitos casos detentores das mesmas qualidades vis. Assim, tolerante e permissiva a população carrega também a culpa pelas agruras socioeconômicas que afligem os brasileiros, notadamente os mais pobres. A nossa inércia nos condena!
Se o “sistema” é corrupto e beneficia a classe dominante por que não se mobiliza o povo para contrapor-se a esse modelo opressor e excludente? Parece faltar ao cidadão a capacidade de se indignar e se posicionar frente às injustiças, descasos com os serviços públicos e a demasiada corrupção. É chegada a hora em que cada indivíduo, sem a necessidade de uma cor partidária tomar a frente, compreenda a farsa que tem sido o processo político-administrativo nesse país. Desde o método usado na escolha da representação (eleições) à forma de gestão centrada no compadrio e usurpação do patrimônio público como bem privado. A Lava Jato aí está para comprovar o quanto vivemos uma farsa!
O Planalto, o Congresso e os empresários estão se mobilizando para sobreviverem à avalanche dos desdobramentos das investigações da Lava Jato. E o povo? O que pensa disso? O que vai fazer para se proteger? Uma ideologia libertadora é o que nos falta. Paulo Freire já alertava que “é possível acordar a consciência do indivíduo para que ele seja capaz de exercer seu papel de cidadão e se habilitar a revolucionar a sociedade”. As Comunidades Eclesiais de Base (CEB’s) são outro indicativo de que deve também a Igreja se importar com os rumos que a política tem dado às causas sociais. Este ano a Campanha da Fraternidade, desenvolvida pela CNBB, traz o tema “Fraternidade: biomas brasileiros e defesa da vida”. Sob a inspiração da encíclica Laudato Si, do Papa Francisco, chama a atenção da sociedade para que amadureça sua compreensão que não se deve tratar das questões ecológicas sem um olhar integral sobre a vida humana, sobre o presente e o futuro que esperamos ter. “Que tipo de mundo queremos deixar a quem vai suceder-nos, às crianças que estão a crescer?” (Papa Francisco).
O ser humano é um ser ideológico por excelência. Capaz de criar e dar sentido às coisas a sua volta, inclusive de sua realidade social e histórica, através de representações ideológicas expressas na linguagem. Somente quando estas representações ideológicas tendem a beneficiar um grupo, em detrimento do todo da humanidade, é que mais costumeiramente fala-se em ideologia.
Na esteira do plano político-administrativo atual que mantém um sistema que controla e manipula a grande maioria da sociedade brasileira, vê-se que esta ainda não se encontrou no seu verdadeiro papel, ou seja, o cidadão não pode estar à espera do Estado, de um partido político ou de uma qualquer outra organização, para resolver os seus problemas ou para ver correspondidos todos os seus desejos.
O cidadão deve, portanto, ser informado, ativo, exigente e participativo. Ou seja, precisa mudar! Cada um deve procurar ter opinião fundamentada da forma como a sociedade está organizada e procurar dar o seu contributo para a construção de uma nova sociedade, que vá para além dos seus interesses pessoais. Eis a contradição que o momento traz: queremos mudanças, mas não queremos mudar!

(*) Fernando Gomes, sociólogo, eleitor, cidadão e contribuinte parnaibano.

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