Os produtores brasileiros que ainda não fizeram o Cadastro
Ambiental Rural (CAR) correm o risco de ter impedido o acesso ao crédito já na
próxima safra, que começa a ser plantada em setembro. O alerta é do Serviço
Florestal Brasileiro, órgão vinculado ao Ministério do Meio Ambiente
responsável pelo CAR, e até de alguns representantes do setor que defendem uma
nova prorrogação da data final para o cadastramento. Apesar do pedido da
Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural em estender
a data limite para até dezembro do ano que vem, o Serviço Florestal não
trabalha com a hipótese de novo adiamento.
Isso porque na lei aprovada pelo
Congresso havia um dispositivo que permitia somente uma prorrogação da data
final para o cadastramento, que vence no próximo dia 5 de maio. O próprio
deputado Luis Carlos Heinze (PP/RS), o autor da proposta que pede nova
prorrogação do CAR, recomenda que os produtores busquem se cadastrar o quanto
antes para evitar ter problemas na contratação definanciamentos.
Quem não fizer
o cadastro até a data final, ainda poderá – e deverá – se regularizar. “O
sistema continuará ativo. A diferença é que quem perder o prazo, não terá
direito aos benefícios previstos na lei, entre eles o acesso a qualquer tipo de
crédito, seja ele privado ou público”, afirma Raimundo Deusdará Filho, diretor
geral do Serviço Florestal. Além de não poder pegar dinheiro em banco para
financiamentos, o produtor inadimplente com o CAR perde o direito de fazer
adesão ao Programa de Regularização Ambiental (PRA), que permite converter
eventuais multaspor serviços ambientais.
O agricultor que tem passivo ambiental
também terá a obrigação de regenerar a área desmatada na mesma propriedade.
Diferente de quem fez o cadastro dentro do prazo e poderá recompor em qualquer
propriedade do país, desde que ela esteja no mesmo Bioma da que foi desmatada.
De acordo com o último boletim do Serviço Florestal, até 31 de março, 279,6
milhões de hectares haviam aderido aoCAR, o que representa 70,3% da área total.
O órgão alerta ainda que, apesar de o sistema ter ficado mais robusto, há uma
sobrecarga nos últimos dias de cadastramento. Portanto, o produtor precisa
fazer o CAR o quanto antes e não deixar para o último dia. Primeiro passo O
Cadastro Ambiental Rural é só o primeiro passo e por isso a etapa mais
importante no processo de implantação do Código Florestal, conforme os
ambientalistas. “O CAR talvez é a primeira ferramenta que daqui uns anos poderá
nos apontar a qualidade das nossas florestas, além de informar condição das
bacias hidrográficas que estão sendo prejudicadas pela descarga de agroquímicos
e minérios, por exemplo.
Ano a ano são criados subterfúgios para empurrar pra
frente, protelar as obrigações dos produtores. Essa cultura de se opor às
obrigações precisa mudar,” afirma Valmir Ortega, consultor do Observatório do
Código Florestal. A Sociedade Rural Brasileira (SRB) também se posiciona contra
uma nova prorrogação do prazo final do CAR. “Empurrar o problema com a barriga
não é o caminho. É falta de consideração com os que já fizeram esse trabalho.
Os problemas de fato com o cadastramento são pontuais, como no Rio Grande do
Sul, por exemplo, onde tem problema dos Pampas. A protelação vai resolver esses
problemas? Vamos perder muito crédito em relação aos compromissos que o Brasil
assumiu internacionalmente. Se a gente começa a não responder ou atender aquilo
que nos propusermos a fazer ninguém vai nos respeitar. Ou encaramos os
problemas e começa a trabalhar pra achar soluções”, afirma o presidente da
entidade, Gustavo Junqueira.
Fonte: Revista Globo Rural.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Comente essa postagem
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.