A aposentada Valdiceia França, de 63 anos, se surpreendeu com a notícia da prisão temporária da filha, Miriam França de Mello, de 31, nesta segunda-feira, por suspeita de participação na morte da italiana Gaia Molinari, em Jericoacoara, no Ceará. Segundo Valdiceia, as duas já eram amigas no Rio de Janeiro e decidiram viajar juntas para a cidade do litoral cearense. O corpo da italiana foi encontrado na última quinta-feira, 25, por um casal que passeava pela Vila de Jericoacoara, com sinais de estrangulamento. A autópsia confirmou que a vítima foi morta por asfixia.
De acordo com a Polícia Civil do Ceará, Miriam foi presa por se contradizer nos depoimentos. Segundo a delegada responsável pela investigação, Patrícia Bezerra, pelo menos duas pessoas participaram do crime. Ainda de acordo com a polícia, há dois possíveis motivos para o assassinato. Uma delas é por motivação passional e a outra não foi revelada, para não atrapalhar as investigações.
— Eu não estou sabendo de nada, não entendo como minha filha pode estar envolvida nisso. Elas já se conheciam, eram amigas, não sei se da universidade ou de outro lugar, mas elas decidiram viajar juntas. Não tenho informação nenhuma, não consigo saber como está minha filha — conta Valdiceia.
Miriam é farmacêutica, formada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Segundo a mãe, ela deixou o Rio no último dia 17 para passar o fim de ano no Ceará e tinha planos de conhecer várias cidades. Com Gaia, a carioca se hospedou no albergue Espaço Nova Era, um dos mais famosos de Jericoacoara.
— Não sei o que pode ter acontecido. Estão dizendo que minha filha matou ela? Não pode ser. Até agora ninguém entrou em contato com a gente para falar nada. É muito difícil não ter informação — diz Valdiceia, que acrescenta que o telefone celular da filha está desligado há mais de dois dias.
Inicialmente, Miriam foi ouvida como testemunha do crime, mas teve a prisão decretada nesta segunda-feira. O corpo de Gaia deve seguir para a cidade de Piacenza, na Itália, ainda nesta segunda-feira. A polícia segue com as investigações, mas descarta, a princípio, a hipótese de latrocínio — roubo seguido de morte.
“Não tinha nada de valor com ela e o pouco que ela levava com ela foi encontrado. Então, em um primeiro momento, a hipótese de latrocínio está descartada. Foi um crime de ocasião, não foi nada pensado nem premeditado”, disse a delegada responsável pela investigação, Patrícia Bezerra, adjunta da Delegacia de Proteção ao Turista.
Aos 29 anos, Gaia vivia viajando pelo mundo, trabalhando em albergues em troca de hospedagem. No último dia 13 de novembro, a italiana postou uma foto com a imagem de um muro grafitado ao fundo, com a bandeira do Brasil. Amigos e familiares da jovem lamentaram a morte de Gaia e comentaram como ela gostava do país.
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