Zé Filho chuta o balde

Por:Zózimo Tavares

Depois de decidir romper o contrato de empréstimo com o Banco do Brasil, no valor de R$ 369 milhões, o governador Zé Filho tomou outra decisão radical, já comunicada aos seus principais auxiliares: deixará de transferir recursos para os Poderes Judiciário e Legislativo para o pagamento de salários neste final de ano.

Zé Filho decidiu rescindir unilateralmente o contrato de financiamento com o Banco do Brasil em protesto contra a demora na liberação de R$ 69 milhões, montante que completaria a primeira parte do empréstimo. No governo Wilson Martins, o BB liberou R$ 231 milhões desse financiamento. De abril para cá, não liberou mais nada. 

Depois de muitas idas e vindas, o caso foi parar nas barras judiciais. No Tribunal de Justiça, um desembargador mandou o banco creditar os R$ 69 milhões na conta do Governo do Estado e outro mandou suspender a operação. Diante do que classificou de discriminação contra o Piauí e perseguição à sua administração, o governador mandou romper o financiamento.

A nova decisão de Zé Filho, de suspender as transferências para os Poderes, tem a ver com as reiteradas decisões da Justiça determinando o bloqueio de contas e sequestros de recursos do Estado. "A própria Justiça está criando o problema, retirando dinheiro do caixa do governo, então ela que viva também as consequências", justificou o governador aos seus auxiliares.

Um secretário do governador ponderou que a situação ficará difícil se Zé Filho levar adiante a sua posição, já que deixará magistrados, serventuários da Justiça, deputados e servidores da Assembleia Legislativa sem salários neste final de ano. 

O governador está disposto, no entanto, a suspender os repasses financeiros do Tribunal de Justiça e da Assembleia. Ele comunicou aos secretários que tudo fará para pagar as folhas dos servidores do Executivo. E não hesitará em suspender as transferências aos demais Poderes, se esta for a solução que lhe restar.

EDIÇÃO:BERNARDO SILVA