2 de jun. de 2013

A SAGA DE UM GUERREIRO


             Nascido aos 12 dias do mês de maio de 1924, na cidade de Barras do Marataoã, estado do Piauí, filho de Nelson Pires Alves e Adalgisa de Carvalho Pires Alves. José Nelson de Carvalho Pires, ali morou até os sete anos de idade, quando seu pai julgou chegada à hora de colocá-lo para estudar na cidade Esperantina onde tinha boa escola. Foi morar na casa de sua Tia Marú, irmã de seu pai e de lá foi para Parnaíba aos 11 anos de idade. Naquela época era uma grande viagem a cavalo, durante dois dias da cidade onde morava até a cidade de Piracuruca, lá embarcava no trem e durava mais dez horas a viagem até o seu destino.
             Chegando a Parnaíba seu pai que mantinha negócios com a empresa Roland Jacob, conseguiu que José Nelson trabalhasse naquela empresa como faxineiro. Morava na residência de Dona Aretusa e teve como primeira professora a Senhora Rosilda que lhe mandou algumas linhas escritas por ocasião dos 70 anos de seu ex-aluno.                                       
             Seu pai, era homem dedicado aos filhos, sempre estava por cá a ver como estava. Numa de suas vindas, sem saber o que o destino lhe reservava, Zé Nelson pediu ao mesmo que lhe desse de presente uma bicicleta, transporte que naquela época era importado e muito caro e, logo recebeu uma negativa, alegando o pai que não tinha condições de dar-lhe tal presente.
             O tempo passava um dia Zé Nelson recebe um telegrama comunicando-lhe o falecimento de seu pai e logo rumou para Barras onde desejava vê-lo pela última vez. Viajou sem parar, dia e noite, aquele foi um dos momentos mais difíceis de sua vida, iria encontrar o pai sem vida. Ao chegar em seu destino, tal foi sua surpresa ao saber que o pai já havia sido enterrado, por pressão de um compadre que lhe era tão chegado, que ele lhe havia emprestado 150 mil reis para comprar uma propriedade no município de Barras, sem que o mesmo lhe assinasse um só documento como prova do débito, e o fato foi presenciado por Zé Nelson, quando seu pai abriu as cédulas, fazendo um leque e lhe passou no rosto dizendo: “Toma compadre para não dizer que nunca apanhou de dinheiro na cara”. Aquela importância o velhaco compadre nunca pagou aos filhos. Houve uma reviravolta na vida de Zé Nelson e seus irmãos, pois seus pais viviam separados, o pai morava na localidade Esperança onde tinha um comércio juntamente com um tio e a mãe morava em Barras com seus pais, que tinha como chefe da família o Cel. Coriolano de Carvalho e Silva. Eram as duas famílias oposicionistas políticas, por conta do que houve uma disputa pela guarda dos filhos, o que coube ao pai. Com o falecimento do mesmo, um tio paterno, Magno Pires Alves, único irmão de Nelson, ficou com as crianças, que eram seis, tendo o mais velho apenas 15 anos de idade.
           Zé Nelson continuou seus estudos em Parnaíba e trabalhando no mesmo local. Meses após o falecimento de seu pai, foi chamado ao gabinete de seu chefe Sr. Roland Jacob que lhe convidou a sentar-se e lhe disse: “Zé Nelson naquele dia, última vez que seu pai esteve aqui, ele deixou paga, para você, uma bicicleta que acabou de chegar e quero entrega-la a você”. Que momento triste, que valor tinha para sempre aquele presente. Aquele menino nasceu para ser forte, pois desde cedo, o destino lhe açoitava sem dó. Sempre foi católico temente e confiante em Deus, lutava com todas as forças para sobreviver e unir os irmãos. Foi interno no Ginásio São Luiz Gonzaga, onde cursou o ginásio e científico (hoje primeiro e segundo grau), prestou exame para Educação Física na Universidade do Rio de Janeiro, tendo sido aprovado e para onde rumou, com a cara e a coragem de vencer. Lá passou fome, humilhações e toda sorte de sofrimento aos quais são submetidos os pobres que querem vencer e que somente os fortes sobrevivem. É como uma espécie de teste que Deus faz, para saber o tamanho de sua determinação.
           Formado, defendeu tese e tornou-se Professor Doutor José Nelson de Carvalho Pires e, retorna a terra que escolhera para ser sua mãe adotiva, a Parnaíba, sendo convidado para trabalhar no Instituto São Luiz Gonzaga. Sempre ia a Barras do Marataoã, sua terra natal, onde conhece uma jovem garota de apenas 14 anos de idade, filha de Cel. Octávio de Castro Melo, irmão do então governador Leônidas Melo, com quem se casou e teve nove filhos, dos quais seis foram criados.
           Logo reúne os irmãos e na medida do possível foi encaminhando cada um da forma como podia e, apesar de ter conseguido prestígio e poder nunca colocou nenhum dos irmãos, com lagarta de folha pública. Professor do Ginásio São Luiz Gonzaga, chegou a ser Diretor; Foi professor do Ginásio Parnaibano (hoje Colégio Estadual Lima Rebelo) o qual consegue estadualizar quando foi Secretário Municipal da Educação posteriormente foi diretor daquele colégio por muitos anos; Foi professor do Colégio Nossa Senhora das Graças, União Caxeiral, Nossa Senhora de Lourdes e Escola Normal; Construiu juntamente com o Professor e compadre José Rodrigues e Silva, um moderno e bonito bar, localizado na Praça da Graça “Bar Cacique”, anos depois comprou a parte de seu sócio e, anos depois o “vendeu” para seu primo Trasíbulo de Carvalho Melo, infelizmente foi demolido, em seu lugar foi erguido àquela espelunca que lá existe; Instalou uma padaria por traz do Hotel Carneiro; Instalou uma fábrica de gelo, onde ganhou muito dinheiro, trabalhando por muitas noites à fio, quando o corpo cansado pedia repouso; comprou uma pequena propriedade “Volta da Pimenta”, depois outra “Canta Galo” e por fim a fazenda São José; Ingressou na vida política e era um grande orador, candidatou-se a deputado estadual sem lograr êxito, vereador eleito mas por sua competência, fidelidade, coragem e zelo pela coisa pública, foi convidado a assumir a Secretaria da Administração Lauro Correia, não exercendo assim o seu legítimo mandato; Foi fiscal da Prefeitura Municipal de Parnaíba; Logo após a revolução fundou juntamente com outros bravos companheiros, o MDB de Parnaíba saindo candidato a prefeito, mas numa época logo após a revolução e na véspera da eleição teve sua residência cercada pela polícia naval e recebeu voz de prisão domiciliar, só podendo ir às ruas no dia seguinte, após a eleição que, sem sombra de dúvidas, foi “derrotado”, fazendo com que abandonasse a vida política, coisa que a meu ver foi um grande erro e, pelo que me consta não é de seu caráter, mas a pouco tempo me confidenciou que abandonou a vida política porque tinha sido ameaçado de ser lançado ao mar. Juntamente com outros 13 companheiros fundou a faculdade de Administração de Parnaíba, depois Campus Ministro Reis Veloso, que teve como primeiro diretor o Dr. Candido de Almeida Ataíde, sucedido por Lauro Andrade Correia, candidato que ele indicou, contra a lista tríplice do governador do estado do Piauí; Certo dia, foi procurado pelo Coronel Daniel Ribeiro Borges, um dos herdeiros da grande fortuna de Rosina Ribeiro Borges, o mesmo falava em nome dos demais herdeiros de seus pais, exceto a Srª Chiquita Borges e, dizia que queria vender toda a sua herança e dos irmãos, mas que o único homem para quem venderia de qualquer forma era para ele. Trazia nas mãos dezenas de mapas com a localização dos muitos hectares de terras que possuíam em toda a Parnaíba. Após dias de conversa chegaram à conclusão de que Zé Nelson compraria as terras mais somente após levantarem toda a situação daquelas áreas, o que demorou mais de um ano de trabalho com topógrafos e auxiliares para demarcação e medição de tudo. Finalmente o negócio foi fechado. Zé Nelson então começou a vender grandes e pequenas áreas, facilitava o negócio de todo jeito, vi gente pagando há época CR$10,00 (dez cruzeiros) por mês, tudo para que os ocupantes e/ou invasores pudessem pagar e ter o documento legal da terra sem litígio, mas como tudo na vida existe sempre alguém querendo tirar proveito, existiam os que se julgavam donos, os que diziam serem as terras do estado, da união ou do município e ainda apareceram os politiqueiros, religiosos, falsos líderes a insuflarem pobres e humildes pessoas a invadirem as terras de meu pai e, na luta em defesa do que lhe pertencia. Zé Nelson era obrigado a ingressar com ações contra pessoas que eram usadas para lutar pelo patrimônio alheio, recebendo inclusive doações de estacas e arames para cercarem grandes áreas que depois seriam rateadas ou aqueles que de qualquer forma queria se apossar de suas terras. Também foram muitas famílias que receberam gratuitamente seus lotes, a exemplo de vinte e duas famílias no Alto de Santa Maria. Teve um caso interessante: Um dia, começamos a construir uma casa num terreno dele, a casa já estava na altura de teto, quando numa segunda feita chegamos para trabalhar, estava à mesma quase toda demolida e no quintal uma vizinha bradava juntamente com o marido e filhos, dizendo que ali ninguém fazia mais nada, que o terreno lhes pertencia e tal e tal. Imediatamente paramos a construção e foi apurado, que havia sido aquela vizinha que tinha executado a demolição juntamente com seus familiares. Zé Nelson ingressa com ação na justiça solicitando reparo dos danos materiais e a desocupação do terreno onde a mesma senhora morava que também era dele. A ação durou anos e um dia chega ao fim sendo ele o vencedor do litígio. A justiça determinou que a senhora pagasse a casa que ela e a família demoliram e desocupasse imediatamente o terreno onde estava a casa dela. Meu pai estava em casa quando chega uma filha da senhora num verdadeiro clamor, dizia que sua mãe estava passando mal por conta do ato da justiça que estava na porta de sua casa juntamente com a polícia para fazerem o despejo de todos. Meu pai então foi até lá, onde logo foi informado de que a senhora havia ficado viúva e vivia passando por maus pedaços. Ele imediatamente pediu que o ato fosse suspenso e, doou o terreno para a senhora e encerrou a questão dizendo que com viúva não se mexe. Outro fato marcante na vida dele foi acontecido quando um motorista da empresa Nossa Senhora dos Remédios, propriedade do senhor Roldão, que fazia a linha Parnaíba/Buriti dos Lopes, jogou um carro que dirigia contra um carro meu, um Maveric novinho, o qual veio a falecer juntamente com mais dois passageiros. Eu entrei com ação na justiça e ganhei, ficando a empresa obrigada a me entregar outro carro zerado. Quando a ação teve fim, eu estava morando em Barras e meu pai me chamou até aqui para pedir que eu desistisse daquela ação porque o dono da empresa havia morrido e a viúva não vivia bem financeiramente e alem do mais com viúva ninguém mexia e, assim foi feita a sua vontade; Em defesa de um grupo de amigos enfrentou um capitão dos portos, que foi insultá-los na praia de Luiz Correia e acabou levando uma grande surra dele e dos amigos e ainda teve derrubada a farda, apesar de ter feito tanto alarde, mandando prender alguns dos amigos de Zé Nelson que participaram da luta, cercou a casa de meu pai com a polícia naval, não chegando a invadi-la porque não tinha amparo da justiça e foi um bafafá danado nesta época; Foi dono de carro de praça (táxi) há época um jeep Land Rover; Foi delegado por alguns dias, nomeado pelo prefeito da época, José Alexandre, para que prendesse os Clodoveu, (um deles casado com uma sobrinha da esposa dele) mas como haviam assassinado Alcenor Candeira em praça pública, foram presos; Sem saber como e nem porque, foi indicado pelo Governo Federal, para ser Interventor Federal da Cooperativa Agropecuária do Baixo Parnaíba Ltda., e relutando para não assumir, foi praticamente obrigado a aceitar tal iminência, pois caso contrario, a mesma seria fachada, face aos desmandos praticados pela diretoria que, chegou a ponto de adquirir até prédio inexistente em Teresina.
            Ao assumir a DELTA logo recebeu visita da inspeção sanitária que determinou o seu fechamento por falta de condições higiênicas adequadas para continuar em funcionamento, mas ele não aceitou aquela imposição e solicitou um prazo para que regularizasse a situação da empresa dentro de trinta dias, o que realizou. Deveria passar um ano como interventor mais com seis meses convocou assembléia geral, apresentou sua chapa e foi eleito democraticamente, sendo então presidente da forma mais legítima possível. Para sanear a empresa ingressou na justiça contra pessoas que estavam dilapidando a mesma e contra os que compraram um prédio que não existia. Agiu da forma própria de sua personalidade, com mão de ferro, contra tudo e todos que tentavam tirar proveito para si. Lembro-me das muitas vezes que ele ia à calada da noite às escondidas para fiscalizar os embarques de leite, de pessoas que foram pegas na portaria levando manteiga dentro das leiteiras que eram para retornar vazias, dos que levavam queijo nas leiteiras, dos que deixaram de colocar leite na DELTA e foram colocar na LONGÁ porque oferecia melhor preço, fugindo assim do verdadeiro espírito cooperativista e desobedecendo as regras estabelecidas no estatuto social da empresa que diz: “SERÁ EXCLUIDO DO QUADRO SOCIAL DA EMPRESA AQUELE QUE DEIXAR DE COLOCAR SUA PRODUÇÃO NA COOPERATIVA PARA COLOCAR EM OUTROS CONCORRENTES”. Zé Nelson triplicou a capacidade de pasteurização de leite; Criou o iogurte DELTA; Ampliou a capacidade de produção de ração; Abriu as portas da empresa para que os pequenos pudessem se associar a mesma; Renovou a frota de veículos; Adquiriu uma máquina para perfurar poços para os pequenos produtores; Mantinha em bom estado de funcionamento o trator para beneficiar as terras dos pequenos produtores; Criou a escola Antonio Torres Pires, objetivando dar um ensino de qualidade aos filhos de pobres produtores os quais tinham inclusive a merenda escolar gratuita; Instalou o mercadinho DELTA para fornecer alimentos a preços módicos aos pequenos produtores; Instalou o Lojão Delta; Criou a primeira Cooperativa de Credito do Nordeste a (CREDIDELTA), objetivando socorrer as necessidades dos pequenos produtores, onde alguns dos grandes viviam a emitir cheques sem fundo; Adquiriu a SOANE (empresa para beneficiamento de arroz); Instalou postos de resfriamento de leite em várias localidades, a fim de que os produtores não perdessem mais leite por excesso de acidez devido à demora para chegar até aqui; A pocilga foi reestruturada e funcionava a plena capacidade, fornecendo leitões para engorda e matrizes para os produtores; Construiu um lago de decantação para o soro que ia para a lagoa do Bebedouro, pois o IBAMA dava muito em cima do assunto; Pagava rigorosamente em dia os produtores e funcionários e isso tudo incomodava os FAMINTOS DE PODER E DINHEIRO. Afinal a DELTA transformou-se numa grande e lucrativa empresa e, a prova era o seu crescimento assustador.
            Os que foram postos para fora da empresa, através da intervenção federal, alguns excluídos do quadro social, através de decisão dos conselhos da empresa e, alguns insatisfeitos com a postura firme de Zé Nelson, e ainda derrotados por três eleições consecutivas, tendo o apoio do governo do estado e da “justiça”, solicitaram ao então diretor do Campus Ministro Reis Veloso (filho do homem que Zé Nelson colocou como diretor daquele campus), a quadra de esporte de lá, onde realizaram uma vil “assembléia” com duzentos e poucos, dos mais de mil associados, e resolveram destituir toda a diretoria da empresa. Como aquele era um ato ilegal e imoral, Zé Nelson ao ser comunicado pelo ex-sócio, então indicado para ser o novo dirigente da empresa, por força de aclamação daquela “assembléia” conclamada por um ex-sócio, portanto sem nenhuma legitimidade, não aceitou aquela decisão. Eles ingressaram então com ação na “justiça” local que logo determinou de forma liminar que a mesma fosse entregue ao ex-sócio. Zé Nelson respeitando a decisão da “justiça” não hesitou em entregar, mais logo entrou com recurso para o Tribunal de Justiça do Estado, que cassou a sentença do “juiz” e mandou reintegrar a posse a Zé Nelson com toda a diretoria “deposta” por aquela “sentença” do juiz local, coisa que eles não aceitaram e inconformados, tomaram então a decisão de impedir que os pequenos produtores, que são a grande maioria, entregassem sua produção de leite na cooperativa e, colocaram seus tratores e caminhões fechando os portões da DELTA, foram às emissoras de rádio, objetivando usar o povo como massa de manobra, e pediram que fossem para os portões da DELTA, onde seria distribuído leite gratuitamente. Lá fizeram o maior festival de bestialidades, alguns se tornaram palhaços, outros valentes e exaltados guerreiros, na maioria objetivando proveito próprio, caso o GOLPE desse certo. No meio de todo o tumulto fui chamado à Teresina por um emissário de um desembargador que em hora e local pré-determinado marcou o encontro comigo. Lá chegando, na calada da noite, fui ao encontro daquele senhor, juntamente com o Dr. Bruno, quando então o mesmo nos disse: “Não vou fazer rodeios, um desembargador que não posso dizer quem é, mandou falar com vocês para lhes fazer uma proposta, ele quer até amanhã às nove horas R$70.000,00 (setenta mil) reais e vocês continuam na empresa, caso contrário, vocês sairão de lá amanhã mesmo”. Levantei-me, e disse que sequer consultaria o meu pai, pois o conhecendo, sabia que ele não aceitaria tal imoralidade. O emissário então me disse: Pois amanhã mesmo vocês sairão de lá. Retornamos na mesma noite e contei a meu pai o acontecido, tendo concordado com minha decisão. Logo cedo daquele dia seguinte, contra a vontade de meu pai, que temia um confronto meu com os desordeiros, fui para a empresa que estava quase abandonada, pois era grande o tumulto feito com a distribuição gratuita de leite e o barulho feito pelos asseclas do ex-sócio e, até os funcionários estavam com medo de trabalhar. Em determinado momento, ouvindo palavras de insultos e xingamentos contra meu pai, resolvi enfrenta-los e fui até a rua, quando os desafiei, mesmo sem ser ouvido, pois tinha um carro de som que utilizavam para nos achincalhar. Naquele momento uma grande multidão correu em minha direção e eu corri para o interior da empresa a fim de me proteger. Naquele momento, a polícia chega, pois eu já havía solicitado desde o início do movimento, para garantir a nossa segurança e funcionamento da empresa, mas que, por informação que tivemos, estava impedida de atuar por ordem do Governador do Estado que tinha interesse em tirar o Zé Nelson de lá, e me deu segurança e condições para que pudesse sair da empresa com o mínimo de segurança e sob os gritos e pedras que jogavam contra mim e meus dois filhos que lá estavam comigo. Foi um ato de puro terrorismo e, assim tomaram a empresa na marra. No dia seguinte à noite Zé Nelson com seus 72 (setenta e dois) anos, estava com sua esposa em casa, o vigia estava na porta, e a esposa entrou para pegar um medicamento, ele ficou sozinho e logo se levantou para soltar o cachorro que ajudava a vigiar sua casa, quando surpreendentemente foi atacado a pauladas em sua própria residência. Embora fosse um exímio lutador de boxe e arte marcial, pesava sobre ele os 73 anos de vida e logo de tanta pancada, uma lhe acertou na cabeça e chegou a desmaiar, era uma tentativa de eliminá-lo de vez. Os filhos foram todos chamados que desesperadamente tentaram reanima-lo, estava com os braços ensangüentados de tanta pancada, pois se defendia das pauladas. Queríamos saber como foi tudo e quem tinha sido o autor daquela barbaridade, ele nos contou como foi e dizia saber quem tinha sido o autor, mais não nos contaria, levaria aquele segredo para o túmulo, pois sabia que seus filhos iriam dar cabo à vida daquele crápula. Comunicamos a “polícia” que simplesmente ignorou o ocorrido, pois sabemos que naquele ato tinha “dedo de gente grande” por traz e, a polícia certamente também não poderia ou não tinha interesse em atuar e descobrir o autor e o(s) mandante(s). Hoje, sete de abril de 2013, meu pai já tem 88, soube que disse para minha irmã Nina Adalgisa, quem o atacou, mas pediu que não dissesse a nenhum dos filhos, em especial a mim, mas DEUS RESOLVERÁ.
            Vejam o descalabro ocorrido logo em seguida: Um “desembargador” cassou a sentença do outro DESEMBARGADOR e até hoje o ex-sócio esta por lá, tripudiando sobre tudo e todos até mesmo da JUSTIÇA QUE DEVERIA FAZER AS LEIS SER CUMPRIDAS. As ações que o Zé Nelson impetrou na “justiça”, contra a diretoria deposta através da intervenção federal, não deram em nada, apesar de tantas provas incontestáveis, e aí, vamos fazer o que? Afinal a DELTA não é uma propriedade particular nossa, na “justiça” o corporativismo, a amizade e grau de parentesco às vezes ainda funciona, afinal existem “juizes” e JUIZES, “desembargadores” e DESEMBARGADORES.  Com a palavra os senhores DESEMBARGADORES, JUIZES, PROMOTORES, DEFENSORES PÚBLICOS, OAB, ADVOGADOS E HOMENS DE BEM.
            O ex-sócio empossado, “presidente” procurou da forma mais ardil possível, desmoralizar o Professor Zé Nelson, fazendo declarações caluniosas, difamatórias e infundadas em jornais, ingressou com ações bestiais na “justiça”, fazendo passeatas, onde utilizava o povo para denegrir o nome de um homem de bem e sua família. Até hoje decorridos oito anos, nada provou contra o Zé Nelson ou seus filhos, a DELTA está de mal a pior. Os mesmos que lutaram para colocarem lá um ex-sócio, na última eleição para eleger a diretoria da DELTA, procuraram o Zé Nelson para retornar a presidência, tendo o mesmo dito que lá não tem mais o que administrar, pois tudo da empresa está penhorado e a empresa literalmente falida, sobrevivendo de aparências.
            Nos filhos não desejamos mal a ninguém, pois temos fé na JUSTIÇA DE DEUS, ela sim, será feita, pois as coisas estão se afunilando e queira DEUS, não vejamos em breve um quadro mais triste do que aquele que vi, onde alguns “amigos” se vestiram de cordeiro para pegar a lebre. Onde se fez de tudo para macular a imagem de um homem sério, honrado, de bom caráter, que dedicou toda a sua vida as grandes causas da Parnaíba, bem ao contrário de outros tantos que deram golpes em seus sócios, usam drogas e peruca de boi, mataram gente, roubaram, praticaram estelionato, estupraram, falsificaram documentos, contrariaram as regras da justiça e às leis, tendo o amparo da banda podre da “justiça” que sabemos existir, mas infelizmente nada podemos provar, porque ostentam o selo da fortuna, do poder e da impunidade.
              Para poder bem administrar a DELTA Zé Nelson pediu aposentadoria da UFPI, mesmo perdendo muito do que teria direito se lá ficasse o tempo previsto em Lei, abandonou suas terras que logo sofreram grandes invasões e não quis mais despejar ou lutar contra ninguém, abandonou sua fazenda, perdendo muito gado. Hoje vive de uma mísera aposentadoria, os milhões de reais que um cretino o acusou de roubar da DELTA, até hoje não apareceram, nem mesmo para concertar seu carro que anda caindo os pedaços. Nos, filhos, vivemos por nossa conta, uns mais outros menos aperreados, mas todos lutando, pois desde cedo aprendemos com nosso grande mestre, a trabalhar honestamente, embora sofrendo algumas vezes para honrarmos alguns compromissos financeiros, pois quem vive por conta própria não tem renda fixa e, algumas vezes, levamos trombada de gente que se diz séria e honesta, são os grandes picaretas, que parte da sociedade imergente esconde sobre o manto da tradição dos falidos que foram ricos e poderosos e não aceitam que um menino que aqui chegou aos 11 anos de idade, trazendo consigo apenas a vontade de vencer, pois começou passando espanador numa loja possa crescer e ter uma vida digna, honesta e descente, como todo cidadão bem merece.
              Lembrei-me agora de certo senhor que um dia foi a nossa fazenda e propôs a meu pai que permitisse que ele desembarcasse pela fazenda um contrabando que estava num navio ancorado em alto mar, dizia o senhor: “Abra a boca e diga quanto você quer não me interessa o valor, queremos é apenas a sua permissão para passar, você pode até fazer de conta que não sabe de nada”. Meu pai quase lhe surra naquela hora e na fazenda a beira do rio passou vários dias com homens armados por ele a fim de impedir que tal fato acontecesse. Algum tempo depois o senhor foi preso, juntamente com os comparsas daquela empreitada e o meu pai continuou trabalhando de sol a sol para ter e dar uma vida descente, digna e honrada para seus filhos. Não é um drogado que ira nos abater, não serão os invejosos que irão nos diminuir, não serão os incompetentes que irão impedir que tenhamos um lugar ao sol, conquistado com suor e sacrifício.
             Hoje nos sentimos orgulhosos pelo pai que temos e apesar de alguns descarados, escroques tentarem enlamear o nome de nosso pai e seus filhos, nos sentimos orgulhosos pelo GUERREIRO, POR SUA CORAGEM E FIBRA, PELO HOMEM ÍNTEGRO QUE VOCÊ É.
             Zé Nelson tem hoje 82 anos de vida, ainda é um grande guerreiro, vive a fazer seus escritos, publicando livros de fatos reais de sua vida e da vida da Parnaíba, defendendo injustiçados como Simplício Dias da Silva que, também teve uma SAGA de histórias e estórias, que também teve suas terras, com destino obscuro sabe Deus nas mãos de quem, mas certamente de alguns que fazem ou fizeram pose de ricos à custa do bem alheio. Sua propriedade hoje está praticamente dentro da cidade, localizada entre Parnaíba e Luiz Correia, já não oferecem mais condições de criar, coisa que ele mais gosta, pois cortam arames das cercas, roubam criações e até gado. Ele já não tem mais forças para tocar o negócio mais vive a deleitar-se no prazer de ver seus animais a caminharem pelo pasto que ele mesmo formou, desmatando suas terras, destocando e plantando, tal como fez o acesso à mesma pela BR-343 que mandou pavimentá-la por conta própria, embora um palhaço tenha pichado a palavra POR CONTA PRÓPRIA escrita na placa que lá afixei e que lutaremos para que tenha o seu nome “Rua Professor Zé Nelson”.
            Zé Nelson queiram ou não alguns, foi, é e será para sempre lembrado na Parnaíba, não como um malfeitor, maconheiro, alcoólatra, raparigueiro, estelionatário, criminoso, lagarta de folha pública, preguiçoso, aproveitador ou mal amigo mas como um homem de fibra que não se deixa abater com as injustiças, humilhações, derrotas ou percalço da vida. Ele, sempre confiante e temente a DEUS, nos ensinou a sermos fortes nos dando seu próprio exemplo, dignos trabalhando por nossos ideais e tementes apenas a DEUS, pois já tivemos muitos fatos em nossas vidas onde tivemos que agir em defesa de nossa honra.
            Este trabalho tem por objetivo, esclarecer aos dignos, honrados e verdadeiros parnaibanos sobre fatos ocorridos na vida de um homem que dedicou sua vida à Parnaíba, lecionou em praticamente todas as escolas, ocupou cargos e posições invejadas por muitos, sonhada por outros tantos. Como tudo na vida tem um preço, ele paga caro, por ter levado a vida sendo honesto, sério, amigo verdadeiro e fiel em todos os momentos de sua vida. Contudo vive de cabeça erguida, cônscio do dever cumprido, de alma limpa, consciência tranqüila e a certeza de que DEUS existe para fazer JUSTIÇA e para cobrar o débito dos que acusam sem provas, pelo simples prazer de acusar.
            Hoje, é dia sete de abril de 2013, meu pai fará 89 anos no dia 12 de maio, sua saúde esta debilitada, mas teve o desprazer de ver a empresa DELTA, que nos 11 anos de sua gestão se tornou a maior indústria da Parnaíba, se transformar num depósito de ferro velho, totalmente saqueada, roubada e assaltada por aquele(s) que o acusaram de ladrão.
            A Rua que ele desmatou pessoalmente, teve a felicidade de ver através do projeto de Lei de autoria do ilustre Vereador João Câncio Neto ser aprovado pela Câmara Municipal de Parnaíba, por unanimidade de seus pares e sancionada pelo prefeito José Hamilton Castelo Branco com o nome “Rua Professor José Nelson” e ainda deram o nome de meu avô paterno (Nelson Pires Alves) noutra rua paralela a dele. O mesmo vereador e a mesma Câmara Municipal também aprovaram e entregaram a ele o Título de Cidadão Parnaibano. Aqui queremos deixar a nossa eterna gratidão aos senhores vereadores, em especial ao Vereador Neto, como também ao Ilustre ex-prefeito Dr. José Hamilton que, por ocasião do ato solene, foi tão bem representado pelo Ilustre Dr. Florentino Neto, hoje prefeito de nossa cidade.
            O escroque que covardemente espancou o meu pai aos 70 anos de idade, honestamente, eu prefiro não saber quem foi, pois sei que faria justiça com minhas próprias mãos.
            Hoje é dia 13 de maio de 2013, completa o sétimo dia do falecimento de meu amado paizinho, a saudade é grande, a dor por sua perda é imensa, mas Deus haverá de nos confortar. Conosco fica a eterna lembrança do pai bom e amigo, verdadeiro herói, que venceu todas as adversidades da vida, lutou contra a morte até o último instante, mas se deixou vencer apenas pela vontade de Deus que ele sempre respeitou e temeu. Deixa para nós seu maior legado, seu nome, como homem íntegro e honrado. Amamos-te muito meu pai e saiba que o tornaremos imortal na academia da vida.

Obs. Este trabalho foi sendo elaborado ao longo dos fatos, por algumas vezes quis publicá-lo, mas ele dizia que não havia chegado a hora, mas que eu esperasse pelo momento certo. Creio que hoje é chegado tal momento.


                                                                                          Parnaíba, 13 de maio de 2013.


                                                                                                Charles de Melo Pires

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