22 de dez. de 2009

Turismo no Piauí: entre a cruz do peixe-boi e o homem sem espada

Neste período de festas natalinas e reveillon o litoral do Piauí deverá receber quase 400 mil pessoas de várias partes do mundo e do país, justamente quando se discute a criação de uma área de proteção ambiental que inviabilizaria os investimentos públicos e privados

no setor do turismo da região, por demarcar cerca de 40% da costa piauiense onde seria destinado à preservação do peixe-boi marinho. Preservar é preciso sim, entretanto o bicho homem deve estar em primeiro plano no contexto deste debate.

Hoje (como há muito tempo) os pescadores e nativos do litoral do Piauí são os maiores parceiros das instituições ambientalistas na preservação da fauna e flora, com isso espécies como o próprio peixe-boi são encontrados facilmente no litoral do estado, bem diferente se comparado uma década atrás. As fazendas de camarão são as maiores ameaças no que diz respeito a preservação ambiental, elas inclusive diminuíram, mas para evitar as mazelas deste investimento basta fazer cumprir as leis ambientais já vigentes, pelo que temos conhecimento isso já acontece.

O peixe-boi é o mamífero marinho mais ameçado de extinção do país, o mesmo vive em uma área de cerca de um quilômetro mar a dentro e reproduz nos estuários próximos ao encontro dos rios com o mar, com essa afirmativa de conhecimento dos biólogos o que leva a demarcar o litoral do Piauí em 23 Km até a praia da Carnaubinha em Luiz Correia e o setor de praias cearenses representar apenas sete Km? O setor hoteleiro da região tem se preocupado em construir com base no conceito de desenvolvimento sustentável, aproveitando de forma inteligente os atrativos naturais do local e mão de obra nativa. Isso gera dividendos econômicos para a população, ninguém pode negar!

Acredito que seja necessário demarcar uma área de segurança para a prática do Kite Surf, isso é preciso para que o peixe-boi, pescadores, banhistas e desportistas realizem suas atividades de forma mais tranquila sem maiores transtornos. Agora, inviabilizar 25 mil hectares em território piauiense que mede apenas 66 km é no mínimo surrealista para quem visa desenvolvimento. Penso que o instituto Chico Mendes deveria começar fazendo funcionar de forma real o observatório construído na cidade de Cajueiro da Praia e que está sub-utilizado, uma unidade de conservação é importante (repito) mas, concordo plenamente quando o secretário estadual de Turismo afirma “É inadmissível trocar o sustento de milhares de pessoas por 35 Peixes-Bois".
A população mostrou força na reunião realizada no último final de semana para debater o assunto e apresentou seu total descontentamento. Afinal, ninguém precisa ser tão radical para que o boi (peixe) e o homem possam viver em simbiose, lembremos que o bicho que precisa viver bem é o homem consciente do sentido de preservar (isso já é fato na região) e não o peixe que já está muito bem obrigado e a prova disso é a quantidade em que se apresentam no Piauí.

Por Francisco Brandão

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