31 de dez. de 2009

A macaca do porto

Em visita ao Pardal, proprietário de pousada na margem direita da estrada de acesso à praia do Coqueiro, tomei conhecimento da existência do livro "Porto de Luis Correia - histórico de um sonho", editado em Parnaíba, com apoio cultural do Sistema Fecomércio e da Fiepi, pelo professor Iweltman Mendes.
Eu não sabia que as primeiras providências voltadas para a construção de um porto no litoral piauiense remontam ao ano de 1699, muito antes da posse do nosso primeiro governador, fato ocorrido em 20 de setembro de 1759.
Mendes, que é professor da UFPI em Parnaíba, revela que "A ideia de um porto marítimo para a região litorânea, que no futuro se constituiria na Capitania do Piauí, surgiu em 12 de janeiro de 1699, quando uma determinação do Conselho Ultramarino de Portugal ordenava ao governador de Pernambuco, dom Fernando Matias Mascarenhas de Lencastre, a quem o território piauiense estava sob jurisdição, para fazer uma sondagem no rio Parnaíba e em sua foz, bem como estudar a viabilidade da construção de um porto e o erguimento de uma vila".
O livro do professor Iweltman Mendes é rico em revelações sobre leis e decretos que, a partir de 1853, um ano após a instalação de Teresina, foram editados com vistas à construção do porto piauiense.
Em 24 de julho de 1920, bem antes do nascimento do pai do governador Wellington Dias, foi aprovada, pela Assembleia Legislativa, a Lei nº 992, autorizando o governo do Estado "A requerer ao Governo Federal a concessão para a construção e melhoramento do Porto de Amarração, nos termos do artigo 53, letra X, da Lei federal nº 3991, de 5 de janeiro deste ano".
Bem antes, em 1910, foi fundada em Parnaíba a "Liga Protetora dos Portos Piauienses", que tinha como presidente o Dr. João da Mota, Alcenor Neves como tesoureiro e Armando Madeira como secretário.
Essa Liga chegou a mobilizar a classe política piauiense para ações mais arrojadas em defesa do nosso porto, mas elas não venceram as resistências que ainda hoje emperram a execução da obra.
Até Getúlio Vargas, quando pedia votos para voltar à Presidência da República, esteve em Parnaíba, em 1950, e lá, em praça pública, diz o livro, deixou, em rela-ção ao porto, uma promessa não cumprida.
Recomendo a leitura do livro do professor da UFPI às pessoas interessadas em conhecer as insuperáveis dificuldades que envolveram e ainda complicam a realização desse sonho dos piauienses, não realizado quando - e tudo indicava que seria possível - Reis Veloso exerceu o cargo de ministro do Planejamento.
Mas lembro aos interessados que o acesso a esse importante livro não é fácil. Até o magistrado e escritor Anchieta Mendes, ex-presidente da Academia de Letras de Parnaíba, ainda não conseguiu botar os olhos nessa obra.

Por (*) Deoclécio Dantas

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