Transporte público de qualidade
rigorosamente não é uma meta do prefeito Florentino Neto (PT). Ele está
chegando aos 30 meses do seu mandato sem dá cabo aos compromissos firmados em
seu plano de governo também neste quesito. A melhoria do sistema seria um
sonho, mas até agora não construiu sequer um abrigo novo para passageiros.
Seria exigir demais? Ou isso não passa de uma crítica sem fundamento?!
Parnaíba num passado não muito remoto tinha
ônibus coletivo trafegando em suas ruas e avenidas. Há pouco mais de 15 anos foi
instituído o transporte alternativo como complemento ao sistema que operava na
cidade. Nas duas últimas décadas tivemos um crescimento considerável da
população usuária do sistema coletivo sem que o serviço melhorasse acompanhando
a mesma proporção. Hoje é um caos.
Nos idos de 2010 foi anunciado que a
Prefeitura de Parnaíba teria contratado uma consultoria para elaborar o Plano
Diretor do Transporte Urbano e que a partir dele se estabeleceria uma política
para o setor com base no planejamento estratégico. Se o plano existe nunca
socializaram com ninguém...
O fato é que os usuários do sistema
vivem um drama: falta de
ônibus, irregularidade de horários, superlotação e desrespeito, especialmente
aos idosos. O drama aumenta à noite e nos finais de semana onde a maioria
dos bairros da cidade sofre com o número reduzido de veículos que servem à
população.
Atualmente são
as criticadas vans que fazem o transporte de passageiros. Bem ou mal, são elas.
A
prefeitura alega que não faz licitação para empresas de ônibus explorarem o
transporte coletivo da cidade porque há uma liminar no Tribunal de Justiça do
Piauí, impetrada pela Cooperativa de Transportes Alternativos - COOPERTRANP que
impede tal medida.
O dito transporte alternativo foi ignorado pela
anterior e pela atual gestão. Acompanhei na administração passada e posso
testemunhar o esforço que a COOPERTRANP
empreendeu junto a Prefeitura Municipal no sentido de regulamentar o sistema,
inclusive propondo a renovação e ampliação da frota, a implantação de catraca
eletrônica, dentre outras benfeitorias que por certo teria melhorado o serviço.
Naquele momento, nem o prefeito Zé
Hamilton, nem seu vice Florentino atendiam as solicitações de audiência da
categoria. Como vereador eu tentei intervir, sem sucesso. Não houve diálogo.
Apenas o Secretário de Transportes da época, Gentil Linhares foi solícito, mas
não tinha nenhum poder de decisão. Em certa ocasião, ele chegou a revelar o
desapontamento com os gestores superiores, pois estava com quase 8 meses que
tentava falar com as ditas autoridades e não conseguia. Uma lástima!
O transporte está um caos. Os estudantes também são
prejudicados, a exemplo os alunos do IFPI diversas vezes se manifestaram e tentaram
audiência com o prefeito para resolver o problema da falta de transporte para aquele importante centro
educacional. Nenhuma solução plausível até agora!
A cidade está crescendo (inchando). Quando se constrói um
loteamento ou conjunto residencial não se planeja a necessidade de transporte. O
número de setores a ser atendidos pelo transporte coletivo também não para de
crescer. Isso influencia em vários aspectos, entre eles o do tempo da viagem, o
número de passageiros transportados, as condições de trafegabilidade nas vias
públicas, o preço da tarifa e a demanda na oferta de veículos, resultando no
serviço de pouca qualidade que se presta atualmente.
Sabe-se que a equação do transporte coletivo não é simples.
Porém a solução não está no discurso de que “há
uma liminar tramitando na justiça e que impede a melhoria do sistema municipal”
nem também no de implantar “veículo
leve sob trilhos - VLT”, que foi falado pelo prefeito de Parnaíba.
A propósito do prefeito, no dia 9 de julho de 2013, no
auditório da UFPI durante a solenidade de lançamento do livro do ex-ministro
Reis Velloso, Florentino Neto declarou “O
transporte alternativo feito por vans e microônibus pode ser extinto em
Parnaíba”. Era uma resposta às pressões dos protestos que vinham ocorrendo
na cidade, inclusive naquela solenidade os estudantes subiram no palco com
cartazes e palavras de ordem pedindo melhorias ao transporte público. Foi um
constrangimento só.
Ainda como resposta aos protestos o prefeito criou uma
comissão para: (1) proceder uma avaliação do sistema regulamentado e pendente
de aplicação, em razão da decisão judicial que suspendeu a licitação; (2)
realizar um estudo de alternativas ao sistema regulamentado; e (3) requerer
avaliação jurídica da Procuradoria Geral do Município. Assim ele transferiu a
responsabilidade. E até agora nenhuma resposta.
O fato é que seu governo ainda não teve a
capacidade de por em operação um sistema que oferecesse um desejável serviço de
qualidade. A gestão
municipal está de costas para a sociedade. Ou não? Existe um plano de
mobilidade urbana? Cadê a regulamentação dos mototaxistas? Como alternativa de
transporte para muitos em função da deficiência do sistema público a categoria
também vem sendo penalizada pela falta de ordenamento do serviço. A clandestinidade
expõe usuários e prestadores ao risco e à perda de qualidade desse serviço.
Seria o prefeito ingênuo ou soberbo? Não, talvez apenas
esteja fazendo jogo político-eleitoral!
(*)
Fernando Gomes, sociólogo, eleitor, cidadão e contribuinte parnaibano.