Tenho adotado uma
postura de coerência crítica em relação ao modelo administrativo de Parnaíba. Sou
avesso ao estilo atual por uma simples razão: as práticas são as mesmas da
política tradicional. Com um agravante: escamoteiam a realidade. Já disse que
não é nada de pessoal contra a pessoa do gestor ou dos seus auxiliares. É que
não dá para suportar o discurso hipócrita!
Eles se zangam, mas
antes de tudo, deviam efetivar o discurso da humildade sobre a capacidade de
governar com os olhos na realidade, em correspondência com as tendências e os
movimentos da vida social vigente. Em segundo lugar, ter a capacidade de
governar com o propósito de eliminar a pobreza e desarmar a vasta rede de
desigualdades e injustiças sociais. Governar,
neste sentido, é fundar uma nova dinâmica e uma nova articulação
governo-sociedade: o governo
que governa não é o governo
dos "decisionistas" e dos líderes determinados, que
"impõem" à sociedade um dado programa de ação; é, ao contrário, o
governo que sabe entrar em sintonia com as tendências e forças da sociedade
para com elas implementar um audacioso programa
reformador: é o governo capaz de conseguir parceiros e aliados, base de
sustentação e recursos de poder. Era o que se esperava e lá se vão quase 30
meses...
A minha postura trata-se
de uma responsabilidade como cidadão que percebe a contribuição que pode dar
sendo exposto nos seus posicionamentos, mesmo que às vezes mal interpretado.
Àqueles que não
entendem a crítica lhes digo que não se deve ter raiva da crítica ou do seu
formulador. A responsabilidade com que faço os meus escritos deveria ser bem
recebida pela municipalidade, mas infelizmente não é encarada como
contribuição.
Faço
minhas as palavras do saudoso Paulo Francis que disse
certa vez: “Dizem que ofendo as pessoas. É um erro. Trato as pessoas como
adultas. Critico-as. É tão incomum isso na nossa imprensa que as pessoas acham
que é ofensa. Crítica não é raiva. É crítica. Às vezes é estúpida. O leitor que
julgue!”.
Não se deve fazer
política com o “fígado”, política se faz com o “coração”. O objetivo deve ser o
bem comum. Quem está participando da execução do panorama administrativo, sem
dúvida, percebe menos. Mais percepção tem aquele que está fora da gestão e que
observa e emite sua percepção com responsabilidade.
A ética é a ciência do
comportamento, logo os homens e as mulheres que ocupam cargo público devem ter
um comportamento compatível com os anseios populares. O gestor comprometido por
certo há de agradecer a crítica... Um povo desatento, a falta de crítica gera
um governo despótico.
Não sou inimigo, sou
adversário. Fiz campanha em 2012 contestando o modelo administrativo que o
atual prefeito estava inserido e que dava claros sinais de que iria permanecer
na mesma linha. Dito e feito. Continua uma gestão apática, pouco participativa
e alienada. Não faço guerra, adverso.
Em política, entendo
que o agente público deve ter uma linha de ação em favor do bem-estar social, pautada
numa conduta que deve ser ética e coerente. Fiz a opção do contraponto, lá
atrás, quando saí do PT por não concordar com algumas práticas e posturas do
grupo mandatário local.
O meu papel, diferente
do que alguns pensam, tem amparo naquilo que julgo ser primordial em política:
a missão de servir e não dela se servir! O sociólogo alemão Max Weber em 1919,
portanto há quase cem anos, já diferenciava dois tipos essenciais de políticos:
os que vivem para a política e os que vivem da política. O que vive da política
é aquele que não possui recursos materiais para a sua subsistência para além
dos recursos provindos da própria atividade política. São muitos às nossas
vistas...
Já o político que vive para a política
representaria o tipo ideal no âmbito de atributos do político vocacionado, pois
sua independência diante da remuneração própria da atividade política
significa, também, uma independência de seus objetivos no decorrer da vida
pública. Poucos, mas existem!
Em Parnaíba temos os
dois tipos bem caracterizados. Os que compõe o primeiro grupo protagonizam
papéis que produzem uma inversão de valores na cidade. Muitos estão
engalfinhados na administração, direta ou indiretamente. Esta gestão que não tem a preocupação de chegar a algum lugar. A não ser a manutenção do status quo da política coronelista que
ainda reina, embora travestida, mas coronelista. A administração não
toca nas feridas sociais, apenas encosta de leve. Quando muito discursa e
inebria as pessoas que se deixam contagiar pela falácia, dissolve a
dramaticidade que cerca a vida cruel da maioria das pessoas e foge desse
ângulo. A rigor, não trata da vida da cidade,
superficialmente maquia o seu exterior. E o povo? Ah, o povo bom e ordeiro,
aplaude o bom moço!
Laços com o passado
impedem os avanços desejados no presente e para o futuro. A gestão trata os críticos como seres doentios, quase
aberrações. Perde um pouco de sua contundência por diluir aquilo que mais
importa: governo do, pelo e para o povo! Os tempos são outros, os erros
os mesmos!!!
(*) Fernando Gomes, sociólogo, eleitor,
cidadão e contribuinte parnaibano.