24 de ago. de 2010

Aquaviário: profissão civil, mas com jeitão de militar

O mar não tem fronteira e existem profissionais que vivem invadindo, no bom sentido, a “praia” dos outros pelo mundo a fora. PortoGente fala dos trabalhadores aquaviários, profissionais da Marinha Mercante que, embora não sejam militares, seguem rotinas severas.

Atendendo a interesse do internauta Paulo Giovano Cheroto, do Espírito Santo, PortoGente procurou saber mais sobre esta categoria e descobriu pontos muito interessantes.

De acordo com Paulo Rodrigues Bragança, diretor do Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Aquaviário no Estado do Espírito Santo, para ingressar na carreira os interessados devem procurar a Capitania dos Portos em suas cidades. Lá, encontrarão todas as orientações sobre os cursos.

Bragança adianta que o início de carreira do aqüaviário é como Moço de Convés, atividade que envolve limpeza, pintura, atracação/desatracação e auxilia o prático na entrada e saída da embarcação na baía.

Os cursos, ministrados pela Capitania dos Portos, que detém o controle, são divulgados periodicamente e o Sindicato dos Aqüaviários divulga, nos seus jornais, para os associados e a sociedade em geral. A realização dos cursos e os locais das aplicações acontecem a partir de uma pesquisa que a Capitania realiza para conhecer a demanda da região.

O dirigente sindical disse, ainda, que o curso para Moço de Convés é ministrado nas Capitanias instaladas nas cidades brasileiras. Entretanto, existem outros cursos, mais especializados, que acontecem em locais apropriados. Bragança citou como exemplo o curso de combate a incêndio que é ministrado no Rio de Janeiro.

Escalada

Moço de Convés é o primeiro passo para quem ingressa na Marinha Mercante. A carreira é dividida em duas partes: área de convés e área de máquina. Para a área de convés, a escalada começa com Moço de Convés, depois passa a Marinheiro, Contra-Mestre e Mestre de Cabotagem. Para a área de máquinas, o caminho é o seguinte: Moço de Máquina, Marinheiro de Máquina e Condutores de Máquinas e assim por diante até chegar a Comandante da embarcação.

A ascensão de Moço de Convés para Marinheiro é feita por tempo de embarque. Para seguir, o aqüaviário tem que fazer cursos de aperfeiçoamento.

Davi Guia Graça, também diretor do Sindicato dos Aquaviários do Espírito Santo fala que o curso para Moço de Convés tem duração de três meses, em horário integral e de segunda a sexta-feira. Não há remuneração atualmente, mas a Capitania dos Portos oferece almoço para os alunos.

Aberto a ambos os sexos (feminino e masculino) e sem idade limite, a última turma de 2007 formou uma mulher que, hoje, atua na área.

“Tem que ter, realmente, vontade de fazer o curso. Quem estiver trabalhando tem que pensar muito. A Capitania, por ser uma instituição militar, é muito rígida quanto à assiduidade ao curso. A pessoa tem que investir”, adverte Guia aos interessados.

No Estado do Espírito Santo existe dois mil associados ao Sindicato dos Aqüaviários de diversas atividades. “Muitos deles estão embarcados em navios de longo curso, viajando mundo afora, e outros, embarcados em outros estados. Dentro do ES, trabalhando nas 20 empresas instaladas, os associados somam cerca de 300 pessoas”, disse Bragança.

O trabalhador aqüaviário tem direito à aposentadoria especial, ou seja, pode se aposentar com 25 anos de serviço. A faixa salarial para Moço de Convés é variável. Fica entre R$ 2.000,00 e R$ 3.500,00, Plano de Saúde, Plano Odontológico, tíquete alimentação, passagens de ônibus ou avião, dependendo da empresa. Uma carreira promissora.

Andréa Margon - de Vitória/ES
reportagem

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